Três colegas
Por Ludwig von Albarus
Três colegas: Alexander, Frederico e Jürgen. Os nomes são fictícios. Anno domini: 1968.
– "Vamos comprar?"
O preço, ninharia. Modelo sensacional (Ford 1930), amarelo, não tinha motor. Compramos. Pusemos numa garagem pegada ao Mackenzie, onde era a doceria qualquer coisa que tinha por ali.
Alexander, estudante de engenharia, inteligente, riquíssimo, tinha experiência. Recondicionou vários automóveis antigos na fazenda da família, em Caçapava, entre os quais um "Isotta-Fraschini" que fora de Vittorio Emmanuele.
Na semana seguinte, começamos os trabalhos de recondicionamento, com a adaptação de um motor de "DKW" 38. Duas semanas depois de comprarmos o carro, Alexandre sofre um golpe duro: seu pai morreu de repente e a irmã, naquela época aos dezoito anos, assumiu o lugar do pai na presidência de uma fábrica de baterias e de uma fábrica de molas. Sua gestão foi do mais amplo sucesso.
Aproveitando a experiência de Alexander, retomamos as lides no "Jacqueline" (nome que escolhemos para o Ford 1930), e terminamos , com sucesso, a adaptação do motor de "'DKW" (sistema de tração com corrente).
Experimentamos ligar: soltava uma labareda de 2 metros e fazia um barulho infernal. Mas... funcionava!
Um probleminha : como o "carro" não tinha partida, só pegava se o empurrássemos, ou na ladeira.
Levávamos o carro, "no braço", através da rua Maria Antonia e av. Higienopolis, até a esquina da Paulo Egídio, que era uma tremenda ladeira descendo em direção ao Pacaembu. Ali o carro pegava, e lá em baixo moravam umas meninas que eram uma beleza...
E assim foi, sempre com sucesso, com o carro e com as meninas. Até que o avô de uma delas chamou a polícia.... Depois de um "sabão" de uma hora do delegado, este mandou não aparecer mais por ali, senão, cana!
Dito e feito: Alexander comprou a nossa parte no "Jacqueline" e rebocou para a fazenda da família, onde deve estar até hoje, se é que restou alguma parte....
Anos mais tarde, fiquei sabendo que as "meninas" lá de baixo eram "Uía" e "Beatriz", primas da minha esposa.
Cordial edição de Julia Bussius
Ludwig von Albarus - 21/07/2009 (10:07)
CARO COLEGA PEDRO CARDOSO. MUITO GENTIL DE SUA PARTE EM COMENTAR MINHA HISTÓRINHA SOBRE O "JACQUELINE" (ERA O NOME QUE PUSEMOS NO "CARRO"). SOU UM DOS TRÊS PROTAGONISTAS DO EVENTO. O CARRO (OU O QUE RESTA DÊLE, IMAGINO, QUE ESTEJA NA FAZENDA DA FAMILIA, EM CAÇAPAVA, JUNTAMENTE COM (O QUE RESTOU ) DE UMA DAS MAIS LINDAS COLEÇÕES DE CARROS ANTIGOS . SEGUNDO FUI INFORMADO, A COLEÇÃO DETERIOROU-SE E A FAZENDA (PARECE QUE EM INVENTÁRIO JUDICIAL, OUVI DIZER) ESTÁ COBERTA POR MATO E ABANDONADA. LEMBRO-ME QUE O "CARRO" ERA AMARELO E FOI COMPRADO, SE BEM ME LEMBRO, DE UM MECÂNICO ESTABELECIDO NA RUA PIRATININGA. OS FATOS OCORRERAM HÁ 51 ANOS, DESCULPE-ME SE OMITO ALGUM DETALHE, É "VECCHIAIA" DA BRABA". ATÉM MAIS E ÀS ORDENS DO PREZADO AMIGO.
LUDWIG VON ALBARUS
Pedro Cardoso - 19/07/2009 (22:07)
Acho que é o carro do meu tio...
576. Ford 1903
Onde estará?
Uma réplica do carro Ford 1903 construído pelo meu Tio Nelson Godinhoto em 1953, para comemorar os festejos do IV Centenário de São Paulo.
Procurei muito pela Internet e não achei o paradeiro do carro que foi uma alegria de minha infância.
Andar naquele carro era chamar a atenção de todo mundo. Ele parado amontoava gente para ver o carrinho. Era um sucesso.
Não tinha cobertura, parecia mais uma charrete.
Eu tinha quatro anos na época e lembro que a gente subia no veículo por estribos de um pé só.
Rodas de 12 aros e direção de madeira, molas de barras de caminhão, faróis de carbureto, buzina tipo aua, e com os pára-lamas pretos.
Nos faróis de carbureto se colocava uma pedra de carbureto e um pingamento controlado de água sobre
Foto tirada no estacionamento do posto em 1953
o carbureto, liberava o gás que era queimado e acendia a lanterna.
O motor era colocado no eixo traseiro sem eixo cardã, com sistema de corrente e cremalheira.
A carroceria de madeira foi feita pelo marceneiro Rubens Perioli e pintado pelo Osvaldo Moretti.
Era meio claro com os assentos vermelhos.
O carrinho fez o maior sucesso nos desfiles das comemorações do IV Centenário, aparecendo em todos os jornais da época. No desfile meu tio Nelson e o amigo Vicente Bruno, torneiro mecânico que ajudou na construção do carro, dirigiam com roupas de 1903. Era um pessoal bem animado, não?
Foi vendido em 55 para a turma que se formava na engenharia do Mackenzie.
Fizeram uma rifa onde ele seria sorteado, para angariar fundos para a festa de formatura.
Perdemos o rastro do carro que foi uma festa na família. Deve ter ido para alguma coleção.
Sabrá Dios, onde estará?
- 22/06/2009 (09:06)
NÃO PODEDREI AJUIZAR COM SEGURANÇA EM RAZÃO DE VÁRIOS FATORES QUE CITO A SEGUIR:
1- OS FATOS OCORRERAM A MAIS DE CINCOENTA ANOS ( ERREI NA DATA: É 1958 E NÃO 1968 )
2-LEMBRO-ME, VAGAMENTE QUE O COLEGA EXPERT NO TEMA REFERIU-SE ,NA ÉPOCA , À COMPRA DE UM FORD 1903.
3- NUNCA VI DOCUMENTOS . NEM OS HAVIA, TENHO CONVICÇÃO .
4- NÃO ERA "BARATINHA" (MEU PAI TEVE UM FORD 1929 - ESSE SUPONHO SER BARATINHA) ERA PARECIDO COM UMA CARROÇA, TINHA PNEUS RÍGIDOS , E LEMBRO-ME QUE O VOLANTE DA DIREÇÃO NÃO ERA CIRCULAR E SIM DOIS "ESPETOS" QUE SE PROJETAVAM PARA CIMA.
5- TENTEI ENTRAR EM CONTACTO COM UM DOS PROTAGONISTAS (O RESTANTE, POIS O TERCEIRO DEUS JÁ LEVOU, HA MUITOS ANOS) TENTATIVA DEBALDE, CONFESSO QUE NÃO TENHO MEIOS PARA ACLARAR SUA DÚVIDA.
6-NÃO TENHO CONHECIMENTO (NEM TÃO POUCO , LEMBRANÇA) COMO O COLEGA RESOLVEU O PROBLEMA DAS DIMENSÕES DO MOTOR EM RELAÇÃO AO HABITÁCULO DESTNADO A CONTÊ-LO. SÓ POSSO LHE ASSEGURAR QUE AQ TRAÇÃO ERA ATRAVÉS DE UMA CORRENTE, MUITO PARECIDA COM AQUELAS USADAS EM BICICLETA ; MUITO MAIOR, CLARO.
OUVI ALGUEM DIZER QUE ESSE "CARRO" FOI VISTO NA ANTIGA FAZENDA DA FAMILIA DO COLEGA FALECIDO, JUNTAMENTE COM OUTROS MODELOS DE CARROS ANTIGOS, TODOS , EM PÉSSIMO ESTADO, ENFERRUJANDO E SE DECOMPONDO. INCLUSIVE A FAZENDA. DESCUIDADA E CHEIA DE MATO.
Luiz
Hermógenes de Castro & Mello - 22/06/2009 (09:06)
Olá, no texto tomei a liberdade "editorial" de citar o Ford como 1930 ao invés de 1903, apesar de existir um Ford 1903, o famoso modelo A, porém não sei se era comum à época por aqui, nem se adaptável o motor DKW, que deveria ser bem volumoso. Pela história, pela idade e pelo momento "automobilístico" pensei ser 1930. (As famosas "baratinhas"). Mas corrijo se me enganei, aguardo seus comentários. Abraço.