Foto do Hermógenes

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Il ritorno...

Por Julia Bussius

Depois de um mês e pouquinho fora, estou de volta a Gurgaon – a tempo de impedir que o Luís se converta ao sikhismo, coloque um turbante e nunca mais corte a barba nem o cabelo (vejam o texto anterior a esse, com o título dramático).

Ir e voltar à Índia dá muito o que pensar. Depois de passar por aqui, parece que passamos a prestar atenção a coisas nunca antes percebidas. Como disse a vários amigos na passagem pelo Brasil, se o tempo aqui não valer para outra coisa, ele certamente vale para colocar a cabeça para funcionar. A cabeça não para, aqui e fora daqui. Não faz 24 horas que cheguei e deveria estar capotada por causa do fuso-horário, mas não. Estou “ligada”, ainda que não tenha saído de casa, parece que a cabeça gira de novo a mil por hora. Mesmo os sonhos são frenéticos, os mais loucos que já tive.

Ao pegar o avião no aeroporto de Paris, já somos lembrados de como tudo é diferente por aqui. Os olhares, a forma de caminhar, as malas, o jeito de comer. Quando o avião pousa em Delhi, o trânsito na pista de pouso já relembra o que acontece nas ruas: caos, engarrafamento, freiadas bruscas. A Índia não deixa ficar indiferente.

Logo vem o golpe do calor, 38 graus às 23h00. Hoje estou feliz da vida com uma rápida pancada de chuva, que cai de lado, bem fininha, e chegou empurrada por um vento forte e abafado. Mas foi ligeira e já parou. Estou curiosa para ver as monções.

Foi difícil voltar, como eu pensava mesmo que seria. Mas estou pegando fôlego para enfrentar a nova etapa dessa empreitada indiana. E escrever aqui, é sempre um jeito de sentir vocês próximos, queridos amigos/leitores.

Para mais escritos da Julia Bussius e seu cotidiano indiano clique aqui: http://shivaemgurgaon.wordpress.com/ .

Fotos: Denise Teixeira, 2009

Apesar do exotismo, a Índia requer alguma paciência...

Por exemplo, a liberal convivência com animais em meio ao caos urbano. Nobre, mas atrapalha...

Julia Bussius e Luis Barbieri, descobrindo o enigmático sub-continente,

Comentários (clique para comentar)

Bertha - 17/06/2009 (16:06)

Porém o trânsito, apesar da aparência, mais seguro; na Índia com 1 bilhão e 200 milhões de habitantes e 106 mil mortos no trânsito temos 0,0088% da população mortos desta forma, ou 88 pessoas acidentadas fatalmente em 10.000. No Brasil, seriam 35 mil mortos em 194 milhões de habitantes, algo como 160 mortos em 10.000. Nos EUA, 43 mil mortos em 300 milhões, que perfaz 143 mortos em 10.000. A Russia é a mais perigosa, com 250 mortos de trânsito em 10.000, pelos mesmos critérios. Ou seja: em média o trânsito brasileiro mata menos que na Russia, porém mais que todos os outros, se verificado por lotes definidos (10.000) de cidadãos. A China com 72 mortos em 10.000 é lanterninha...