Os meios de comunicação tirando uma...
A expressão idiomática é simples: “tirar uma” significa brincar conosco, fazer-nos de bobos. A depender do instante, pode ser divertido. A quem faz e a quem é o, escrevamos, vitimado ou vitimada. Depende do momento. Alguns cooperam. Outros ficam indiferentes e alguns se ofendem.
Jornais e revistas do dito primeiro mundo (perdão se escrevo estas coisas em minúsculas mesmo) no mês de abril, o dos doidos ou das brincadeiras, por trás de sérias reportagens, colocam o chamado chiste.
A VDI-Nachrichten, certo sisudo jornal técnico da Alemanha, lembro, fez uma reportagem de 4 páginas sobre a substituição das centenárias árvores em importante alameda de Dusseldorf por similares em plástico, com suas vantagens.
Era abril de 1977.
Ou o muito sério magazine Der Spiegel: num abril de anos atrás reportou aos alemães, e ao mundo, cientistas haverem simulado em laboratório o que atraía os pernilongos nos humanos. Sacos de plástico cheios de sangue de porco foram empastelados com fina camada de óleo, misturado com queijo Limburgo. Esse queijo exala o mais próximo existente do cheiro de chulé. Quod erat demonstrandum. Milhares de pernilongos se jogaram sobre eles... a provar aquilo a atrair os insetos serem os pés fedidos dos humanos.
Nos EUA, depois da gafe terrível do cineasta Orson Welles, propagando via rádio a tal “Guerra dos Mundos” em 1938, menos se faz. Escrito por HG Wells, a coisa não foi muito bem, pois quem não ouviu o início do programa com a mensagem tratar-se de radionovela, imaginou ser sério. E alguns saíram em pânico, fugindo dos marcianos.
Mas como escrevi, por aqui não é costume.
Porém com minhas dúvidas. Hoje no jornal a Folha de São Paulo (9.11.2007) em sua prestigiosa página A-3, lê-se o artigo a “Comunidade Ibero-Americana”, assinado por Luiz Inácio Lula da Silva. Pouco claro apanhado anódico de quão importante será mais uma certa reunião em Santiago e blá, blá, blá. Com as costumeiras abobrinhas de mundo mais próspero, fim da violência e assim vai.
Não sei se por uma indelicadeza do jornal é publicado, imaginando-se nós leitores sermos tão estúpidos a ponto de pensar Lula escrever aquilo. Por mais prestigiada seja sua ascensão de pobre metalúrgico a presidente, o texto claramente não é dele. Qualquer pessoa a acompanhar seus discursos improvisados e gafes decorrentes sabe que tal não é possível. Algum escritor-fantasma a fazer as honras. Costumeiro, mundo afora.
Sem tempo para tal, os mandatários não escrevem, têm seus escribas para isto. Mas neste ponto indaga-se: não está em pleno século XXI na hora de filtrar o que é de fato escrito e opinião real da pessoa?
As razões a levar o também prestigioso e prestigiado jornal de penetração nacional divulgar texto de pessoa não a tal escrita gabaritada são difusas e nebulosas.
Mas me senti, como se diz, estarem me “tirando uma”.
Somos assim: há vezes em que não acreditamos mais no apresentado como original. Nem em prestigiados jornais.