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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

30 anos marcando passo

As indústrias de equipamentos por encomenda, por esta terra sofrida, já de muito tempo, vêm tomando o que chamar-se-ia pancadas da involução. São praticamente 30 anos em que o crescimento é desprezível, as empresas permanecem em seu tamanho, uma ou outra evolui e boa parte simplesmente some.

Não somos adeptos da pesquisa e investimento em novos produtos. À maneira japonesa no passado e chinesa da atualidade copiamos descaradamente e vendemos clones de produtos desenvolvidos nos EUA e Europa, inegavelmente pioneiros, pelo mercado interno, mas não temos abertura e mobilidade, além de uma burocracia infernal, o que impede maiores e melhores exportações, mormente das médias e pequenas empresas produtoras de equipamentos.

A “associação de classe”, o sindicato dos patrões para a indústria de equipamento, é um desinteressado clube a receber verbas de empresas e gastá-las com enfadonhos eventos e revistas inúteis, mas sem qualquer motivação a defender os interesses das empresas; ou fomentar vendas e combater a burocracia infernal.

Nesta atual crise, de marolinha, já está o setor amargando em alguns segmentos diminuição de vendas da ordem de 40%. O grande incentivo às menores empresas, por parte do diligente governo, é comandar a receita federal para chafurdar os papelórios das empresas, a desconfiar tratar-se sempre grande operação de subtração de impostos.

Com multas e ameaças, muitas vezes lastreadas em suposições fiscais curiosas. Singelos e delicados seus agentes como guardas de campo de concentração.

No ramo ao qual estamos ligados, há o grande risco de talvez desaparecerem 3/4 dos atuantes, sérios e clonadores, após esta luta inglória de alguns pioneiros que assim o iniciaram nos anos 60.

Por não ser tecnologia de ponta, já há os inclusive clonadores-piratas locais, alguns a copiarem até os erros. Com isto, empresas que pagaram pesados valores para a compra de tecnologia, podem com certeza saber que sem maiores restrições, terão seus produtos copiados.

Governo e os confortáveis "orgãos da classe" dirão que faz parte "do risco empresarial".

E mesmo com as deficiências das cópias haverá clientes, sem dúvida, pois trata-se de levar vantagem. E diante do atual quadro desolador, enfatiza-se, é perceptível de fato não houve evolução neste setor. Grandes fabricantes desapareceram, importamos equipamentos aos borbotões, por mais baratos, de países que incentivam com ajuda à exportação, feiras, promoções e assim por diante.

Por cá só a eterna desconfiança do governo que está sendo lesado em seus impostos para financiar, por exemplo, 81 senadores e seus dois bilhões de reais de despesas anuais, a pirataria de qualquer novo produto e uma legislação trabalhista digna da Noruega, até melhor penso eu. Menos para o bobo empresário que por aqui se aventura, pois herda do sempre presente governo o mais idiota chavão perpetuado em terra brasilis:

”A função social da empresa.”

Com o qual repassa a empresários de 5 a 10.000 funcionários todas as obrigações inerentes ao governo, com pesados encargos como subsídios ao transporte e obrigações sociais e demissionais tão pesadas a simplesmente gerarem o efeito involucional, sem novos empregos.

Temos por cá a ingrata forma de relacionar atos de extrema burocracia ou verdadeiros atentados contra a lógica empresarial como coisa de “português”. De fato, a herança, principalmente na incapacidade de evolução na produção de bens de capital, é patente. Tal qual aquela nação européia no passado, mantemos o passo firme, porém sempre marchando à ré. E com a infernalização burocrática tão bem herdada, seguimos firmes no rumo reverso. Muito firmes.

Somos assim.

Para a produção de bens sob encomenda o incentivo no pais é zero, prefere-se em muitos casos o material importado. Burocracia infernal não prioriza a venda para exportação.

Comentários (clique para comentar)

- 27/05/2009 (08:05)

Brasil, pais do futuro. Tenho 74 anos, desde menino, com 5 ou6, ouço isto. Talvez uma defesa inata, não desejamos evoluir, o status quo nos é adequado. É como emprego público: todos querem, com o único objetivo de ser estável, aposentar-se bem e não haver preocupações profissionais.

Hermógenes de Castro & Mello - 26/05/2009 (11:05)

Confesso caro Geraldo, que após hiperflação, planos mirabolantes de governo, crises por cancelamentos, falta de crédito, altas absurdas de insumos, insolvência de estatais e o onipresente governo a sempre ficar com o filé, ameaçando de todas as formas, que estou me cansando, pois não vejo evolução, só um marchar chato, batendo continências para quem não merece nem um peido, com todo respeito.

Geraldo Gomes Silva - 26/05/2009 (09:05)

Não me faça lembrar da minha opção de vida há 30 anos atrás. Não sei se ainda tem jeito porem ainda encontro (?) disposição para continuar. Só tempo, nesta altura da vida, pelos nossos filhos e netos.