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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Au, au, au

Não deveria reclamar de cães, entretanto, segundo meus filhos e a patroa, melhorar o comportamento e tentar compreender o que sucede com quem tem grande carinho pelas criaturas. Solidão, medo, falta de carinho na infância, companheirismo perdido, esterilidade, divórcio, síndrome do ninho vazio, etc.

Não me dou muito bem com a turma de quatro pés, desde cachorros a cavalos. Gatos abomino; e quando há riscos, bichos selvagens, sou capaz de me borrar.

Especificamente no caso de cães, caso me ignorem, fico agradecido e os ignoro também. Em fazendas é o que ocorre, pois em média tratam-se por lá os quadrúpedes como animais; e não como pessoas ou filhos.

Um gesto de absoluto nojo meu é agoniar-me com pessoas que beijam cachorros ou se deixam lamber pelos ditos. Quando detono minha incompreensão neurótica do fato, as pessoas com o olhar incrédulo dizem algo “coitado do bichinho”, “tão liiiiiindo”, e por aí vai. Acabo me “vingando” de certa forma, lembrando com detalhes pictóricos ricos que cachorros adoram cheirar e lamber saborosamente os traseiros de seus iguais, rodear e aspirar a fina fragrância de postes mijados; e não escovam dentes.

Mas beijem-se, por que não?

A rigor não deveria reclamar da turma que mantém os animalecos em seus às vezes apertados lares, com sofás cheirando a ninhos e cheios de pelos. E que, solitários, latem até algum vizinho maluco, como eu, detonar rojões em seus quintais para silenciar a turma.

Próximo de casa uma senhora mantém cachorros que ao último raio de sol iniciam um incessante latido; até à chegada da chefe, coisa de 11 da noite. Au, au, au, au, sem parar.

Fogos Caramuru têm me ajudado. Nunca reclamou dos meus três-tiros, a dita. Sabe que incomodam, seus totós.

Um seu vizinho, certo dia, veio apelar para que nos juntássemos em ação contra a malvada. Sugeri algo autônomo, que fiz com grande eficácia na distante Bahia, a afastar cachorros vizinhos, violentos e histéricos, que quase voavam por cima da cerca quando eu fazia churrasco: bolas de carne crua moída, com um pouco de caldo de galinha em cubo; e 15 comprimidos do antialérgico Fenergan. Dormem maravilhosamente.

Não precisam agradecer pela dica, é de coração; afinal somos assim, malvados, porém amantes do silêncio e avessos a beijos caninos.

Fico imaginando por onde o totó passou os beicinhos antes da patroa mostrar seu carinho.

Lindo. Carinho a toda prova;

Comentários (clique para comentar)

- 15/05/2009 (12:05)

Alguém quer mostrar ser bom aluno (a) na faculdade de medicina. Mas parece que na matéria relações humanas foi reprovado(a). Falta, também, educação doméstica.

- 14/05/2009 (15:05)

Animal, seria tu. Imbecil. Olha o que dá para o bichinho. Superdosagem: O quadro clínico resultante da superdosagem com prometazina vai desde leve depressão do SNC e sistema cardiovascular, até profunda hipotensão, depressão respiratória e perda da consciência. Pode ocorrer agitação, especialmente em pacientes geriátricos. Convulsões raramente ocorrem. Sinais e sintomas atropina-like, como boca seca, pupilas fixas e dilatadas, flushing e sintomas gastrintestinais também podem ocorrer. O tratamento é essencialmente sintomático e de suporte. Lavagem gástrica deve ser feita o mais precocemente possível. Somente em casos extremos torna-se necessária a monitorização dos sinais vitais. A naloxona reverte alguns dos efeitos depressivos, mas não todos. Hipotensão severa, em geral, responde à administração de norepinefrina ou fenilefrina. Epinefrina não deve ser utilizada, já que seu uso em pacientes com bloqueio adrenérgico parcial pode abaixar ainda mais a pressão arterial. Experiências limitadas com diálise indicam que ela não é útil nestes casos.

THOR - 14/05/2009 (13:05)

Eu também te amo

Rex - 14/05/2009 (13:05)

Insensível...

Totó - 14/05/2009 (13:05)

Slurp!!

b. picchi - 14/05/2009 (13:05)

ops! fenergan (errata)

b. picchi - 14/05/2009 (13:05)

tô me mijando de rir ! fernegan.......

Cornelia - 14/05/2009 (10:05)

Sim, entendi o recado.

Anonymus - 14/05/2009 (09:05)

E, veja, é quase como se fosse ofensa pessoal aos donos das pobres criaturas, caso você tenha alguma restrição a abraçar, beijar, deixar-se cheirar ou até morder. As multinacionais de ração infelizmente tem parte nisto, acredite. Para os solitários porém um alento, o totózinho.

Cris Trigo - 14/05/2009 (09:05)

Sou assim também! Já tive que chegar para o lado no sofá da casa de um amigo porque o cachorro tinha que sentar também. Au au, ou melhor, ai ai. Enfim achei um par! rs