Democracia em risco?
Observando a foto de hoje em um jornal de São Paulo, vejo o desinteresse dos circunstantes a Lula, diante de seu discurso sobre o milhão de casas as quais, diz, serão construídas, sem prazo definido, pelo governo, a entregar a menos afortunados. Ao centro não consegui identificar quem seria o personagem.
No corner direito a entristecida D. Dilma.
Candidata de Lula para a presidência; pelo apresentado um desafio político, algo como “duvidam eu fazer um poste candidato e ele eleger-se?”. Com seu revés, refletido no olhar perdido da companheira, assolada pelo linfoma, o câncer dos gânglios. Por mais tesudo que seja o poder e brigar por ele, o momento da verdade, nossa própria mortalidade, derruba a alma. Até da possante e potente chefe da casa civil (minúsculas mesmo), com seu passado de violência, a assaltar bancos para conseguir verbas e fomentar a tal luta armada.
Hoje associada ao pacífico Lula, política tem disto.
Lula de alguma forma mirou-se em seu colega argentino, Néstor Kirchner, a colocar no poder sua esposa, com bom currículo, senadora que era.
Não sei dos pormenores da relação de Lula com Dilma (ela não me parece particularmente interessada em cavalheiros, sob a ótica sensual, com mil perdões), mas temos aqui dois cenários:
No primeiro a intenção de elegê-la é sincera e o cara (ele afinal é o cara...) faz com vontade, até atropelando a legislação eleitoral.
Ou, segundo caso, faz apenas um pouco de jogo de cena, acertado estaria com José Serra (são amigos, acreditem, desde épocas sindicalistas e Diretas Já) e sua estranha aliança com a maior máfia política da história do pais, o nefasto PMDB, louco por cargos. Legenda sem a qual ninguém se elege a cargos de sumo tesão. E entendo que os tucanos já fecharam questão para o apoio. Em contrapartida alguns petistas em posição chave permaneceriam em administração Serra, o preço dos acordos.
Nós, a população, observamos a tudo como os idiotas que somos. Sim, idiotas. Nada fazemos contra, acreditamos nas babaquices sofejadas pelos senhores de terno, ignoramos o que ocorre atrás dos cenários e, público educado, pagamos caros ingressos em um teatrão onde nem há lugar para todos se acomodarem. Aplaudimos aos péssimos atores e seus mensalões, viagens internacionais para namoradas e esposas; ainda, acreditem, aconselhamos votar no “menos pior”, a exercer o “direito” de votar.
Direito? Ou chantagem, bloqueando até o ato constitucional de ir e vir, se não exercido o voto e comprovado o fato? Democracia, meus amigos, se encerra onde se torna obrigatória...
Melhor sem dúvida do que o regime dos pouco instruídos militares em questões da diplomacia, do direito e da economia.
Porém, no atual estado da nação e os abusos gritantes, indecorosos, de toda classe política brasileira, repito: toda, penso nas razões de não surgirem verdadeiras lideranças, a ocupar a nobre tarefa de conduzir os destinos da sociedade.
E nos livrar desta cambada de corruptos e gastadores.
Leio aqui que a Infraero administra com orçamento de 1,3 bilhões de reais os 67 aeroportos do país. Mal e mal, mas vai. Com milhares de funcionários. O senado, com 81 personagens, a nada fazer de produtivo*, consome 2 bilhões. Há algo de errado...
Porém ignoramos, somos assim.
* Protesta aqui um atento leitor, revelando que o senado trabalha. Aprovaram por exemplo projeto de lei que proibe a venda de latas de tinta em spray para menores. A compra só será permitida para adultos, com nota fiscal na qual conste o nome do consumidor... Que tal? Não é produtivo?