Carneiros cidadãos rasgados por lobos do estado, somos assim
A forma de dirigir determinados confortáveis privilégios com dinheiro de impostos para grupos específicos não é invenção nossa. Talvez o clima do país inspire, mas de qualquer maneira é curioso o modo que a embaixada americana encontrou para, é bastante óbvio, privilegiar 35 jovens que provavelmente tem alguma forte ligação com seus funcionários.
Leiam o chamamento publicado na Folha de São Paulo deste fim de semana e tirem suas próprias conclusões.
"A embaixada dos EUA no Brasil abriu inscrições para a edição 2010 de um programa que leva 35 estudantes brasileiros por três semanas com despesas pagas àquele país.
Podem participar do 'Jovens Embaixadores' pessoas entre 15 e 18 anos, que estudem na rede pública, falem inglês com fluência, desempenhem atividades de responsabilidade social e voluntariamente há pelo menos um ano, e que sem ajuda financeira não conseguiriam fazer viagem para o exterior."
Nem um endereço ou página de internet com contato é citado, tão ínfimas e dirigidas as possibilidades de ter chance. De qualquer sorte, é interessante a forma de filtrar quem teria tal privilégio. Ou seja: a ocorrência de fluentes em inglês na rede pública é estatisticamente reduzidíssima. Engajados em projetos sociais, menor ainda.
Provavelmente dirigido a filhos de funcionários da embaixada e consulados ou órgãos afins, seria minha especulação de tentar adivinhar o motivo de tais restrições, para privilegiar pouquíssimos.
Lá como cá, a farra com dinheiro de impostos é incontrolada.
O que me causa espécie, como se dizia no passado, é que não nos revoltamos quando vemos os milhões gastos nestas, com mil perdões, merdas. Com dinheiro fruto de nosso trabalho, que entregamos sem maiores problemas a quem se diz dirigente, zelando por nós, mas no fundo apenas um grupo que zela por si mesmo. E como zela!
Aqui como no dito primeiro mundo.
Não nos importa, somos assim. Estranhos carneiros, que nos deixamos rasgar por estes lobos e cães.