Foto do Hermógenes

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Amigo

Ontem fui jantar com um amigo tenho visto menos. Nos conhecemos há mais de 20 anos, sujeito formidável. Mais jovem um tantinho que eu, me alegro muito quando o reencontro. Mais ainda quando aceita meus convites para uma boa refeição, ambos temos queda por niponidades, comidinhas japonesas.

De preferência, paulistanos que somos, em um tal de Semba Koyama na Rua Treze de Maio no Bexiga, reputo o melhor de São Paulo.

Sem frescuras por lá, ágeis, conhecedores e portadores da marca registrada do bom: a maior parte dos comensais são de origem oriental; ou orientais. Devem saber.

Tomamos saquês, detonamos entradas, peixes crus, frituras sofisticadas, ovas de peixe, sushis e uma preferência do amigo: a sobremesa, um tempura de sorvete, confesso não entendo como possível fazer aquilo, um literal “sorvete à milanesa”.

E conversamos, como duas escolares. Fofocas, maldades, bondades, política, mulheres, cachorros, profissões, barcos, planos, futuro, passado, parentes e lá vai. Já maduro articula bem os pensamentos, este meu amigo. Faz ilações me admira, sobre a vida e como enfrentá-la, em seus momentos mais difíceis. Diz de seu entusiasmo por algumas causas, de seu novo amor, solteiro ainda é. Entretanto com menores expectativas, já sabe as coisas entre os humanos nem sempre comportam maiores ideais, tão nobres.

Tem grande admiração pela mãe, este sujeito, percebo. Da inegável capacidade de diplomacia, carinho e relacionamento daquela criatura.

Conta com ela nos momentos onde tal necessita, e seus conselhos e ponderações, serenidade inclusa. Tornou-se assim também um bom articulador de relacionamentos, tem amigos por todos os cantos, me incluo entre eles.

Findo o jantar, com um saquê saideira, me deixa em casa e segue a ver outros amigos, querido que é por todos e tantos. Grande sujeito. Gosto dele, muito.

É meu filho.

Os admiramos estes camaradas; somos assim.

Amizades são preciosidades.

Comentários (clique para comentar)

Thomas - 29/01/2009 (16:01)

Kiki, a geração anterior à nossa, seus pais, meus pais, são de uma rigidez herdada, de tempos marciais; prussianos, de adoração à autoridade, reis e ditadores. E transmitiam estes conceitos malucos também a nós, que os rejeitamos, saudavelmente. Nossos filhos não nos levam tão a sério como nossos pais exigiam que nós o fizéssemos. Filhos amigos? Raro, talvez apenas filhos muito respeitosos; quantos de nós até agora 2009 ainda chamam aos pais e sogros de senhor/senhora? E ninguém da geração anterior dá abertura, jamais minha dileta mãe ofereceu a intimidade do "você" à minha esposa, que a titula até hoje de "senhora". É complexo. Mas há luz no tunel e não é trem na contra-mão.

Kiki - 29/01/2009 (15:01)

Se necesita tanto nesta geracao como em todas este relacionament de pais e filhos, num nivel horizontal e nao vertical. Nao sei com voce, porem comigo foi no vertical com meus pais, por isso luto contra esta minha tendencia de seguir a heranca, e acho que venci. Pergunte a minha filha. O seu artigo e o puxao que vai me lembrar que eu tenho a melhor amiga e confidente. Gam-sa-hap-ni-da!!!! (obrigado em coreano)

Carlos - 29/01/2009 (15:01)

Pensei que você estivesse "mudando de time", ao ler seu último artigo. Esse tipo de declaração à um amigo é coisa que temos de ter cuidado a fazer; mas com um filho a coisa é mais tranquila... rsrs. Carlos

Cornelia - 29/01/2009 (14:01)

Que bonito, que carinhoso..