O dia a dia indiano
Por Denise Teixeira.
Cá estou eu, do outro lado do mundo e muito longe de todos, o que um tanto me angustia. As experiências são infinitas, impossível relatá-las todas.
Hoje veio um moço entregar uma cadeira e escrivaninha que compramos numa barraca ao longo da avenida que acessa Delhi, ao sul.
A "loja" tem à frente móveis de vime, esteiras estreitas penduradas em varais e, mais atrás, uma área coberta de lonas, formando o telhado e recobrindo o chão da terra.
Ali encontram-se móveis antigos e atuais, todos em madeira maciça; e muito rebuscados, sempre feitos à mão e com muito esmero.
Copiam o que é antigo e como tudo é recoberto de poeira, parecem muito velhos. Os sofás baixinhos são recortados e singelos, têm a altura certa de quem senta com as pernas dobradas sobre o assento. O preço é negociado até o último momento, algo que inicialmente custa 15.000 rúpias, compra-se facilmente por 10.000 rupias ou menos. O comprado é entregue de riquixá, por um único motorista-entregador. Ele sobe os quinze andares do prédio onde estamos hospedadas, carregando uma peça de cada vez.
Seu aspecto é magro, sério, as extremidades sujas e esperava, talvez, uma maior gorjeta. Às 12:30 de hoje veio uma moça, que vai ajudar na limpeza: vestia um sari colorido, cabelos pretos presos por fivelas, muitas pulseiras e um semblante triste e sofrido. Tentamos introduzí-la ao uso do rodo, mas não acertou. Faz tudo de cócoras, com o auxílio de uma vassoura de cabo curto, mas de pelos bem compridos, chanfrada de um lado, pequena, todavia limpa muito bem os cantos.
A moça deixou o apartamento brilhando, com seus vários panos e grande rapidez. A postura de cócoras me lembrou as mulheres da fazenda em Ipiaú, na minha infância, quando lavavam roupas e pratos nos rios. Ofereci suco, porém não aceitou; água sim. E uma maçã, depois de eu muito insistir.
Hoje ficamos em casa, na função de organizar roupas, limpezas e outras cotidianidades indianas. Uma das filhas está meio recolhida, a outra pensando por todos os lados, mas enfrentando bem as mudanças. Nosso hospedeiro feliz com minha filha sua esposa por aqui; e muito carinhoso conosco.
Definitivamente um homem bom e generoso, sem falar na coragem de enfrentar esse mundo tão diverso.
O melhor desses períodos na Índia: muito tempo junto das filhas.
É isto!
Luciana - Belém - 26/01/2009 (20:01)
Deni, estamos aqui, Jr e eu, encantados pelos relatos, palavras e riqueza de detalhes. Torcemos para que Ju cumpra essa jornada brilhantemente.
Beijos
ADRIANA TERPINS - 24/01/2009 (10:01)
DENISE COMO VAI???
AOS POUCOS TENHO LIDO OS TEXTOS E FICO VIAJANDO COM VCS.
CORAJOSA E VC TB. DE ESTAR AI APRECIANDO TUDO ISSO. ESTOU ADORANDO AS FOTOS E COMENTARIOS DE VCS,E COMO ESTAR JUNTO, NUM PONTO DE VISTA TAO PESSOAL.
...ACHO Q TEMOS Q TIRAR VARIAS PELES PARA PODER ENTENDER TUDO ISSO AI.
FORA O Q SE VAI CRESCER EM ESPIRITO E PACIENCIA!
MIL BJOS A TODOS VCS
E MUITA PRESENCA......
Marta Junqueira da Silva - 23/01/2009 (17:01)
Denise, tenho acompanhado com o maior interesse a viagem de vocês. Que experiência incrível! Hoje li seu texto empregnado de emoção. Foi muito bom ouvir um pouvo de você !
Abraço apertado em Júlia, Luísa, Luís.e você . Saudades.
- 22/01/2009 (08:01)
Amigas, enviei um e-mail para Thomas, ele publicou no blog. Agora me emociono com as palavras de voces. Beijo
guta - 21/01/2009 (23:01)
Denise, que maravilha! Beijos a vcs todos, aí nesse mundo tão exótico e diferente...
Hermógenes de Castro & Mello - 21/01/2009 (10:01)
Tia Nenê, quem seria, que conhece minha alegada brutalidade e força, por baixo desta pele de cordeiro? Pela escrita, parece coisa de titios, e não de titias...
Silvana Romano - 20/01/2009 (17:01)
Olá amiga, seu texto tem uma riqueza de detalhes e é carregado de muita emoção que só consigo dizer: "essa é a Denise...fiquei bastante emocionada". Que experiência bacana que vocês estão tendo e conseguindo transmitir esse olhar de uma maneira tão maravilhosa. beijo pra todas vocês e pro Luis tb. Silvana
Tia Nenê - 20/01/2009 (17:01)
Tia Nenê está impressionada... todo mundo indo embora? Largando este homem, este brutamontes disfarçado de cordeiro aqui sozinho? Mas onde estamos, que mundo é este? Ou vocês foram aí só para figurar na novela, hein? Contem pra titia, tranquilizem a titia, por favor...
Cornelia - 20/01/2009 (16:01)
Quando nos falamos ontem, Denise, achei você tão séria e pensativa. Lendo o seu relato de hoje, sei o porque. A experiência é única.
Penha - 20/01/2009 (15:01)
Denise, que experiência maravilhosa: a Índia e o tempo com suas filhas!!!! com certeza será uma viagem e tanto! Esperamos ansiosas por suas histórias. bj, Penha
Marcele Rocha - 20/01/2009 (15:01)
Denise, fiquei muito emocionada com seu artigo. ÓTIMO! bjOs!