Diferenças curiosas
Leio aqui sobre o formidável façanha do comandante Sully da companhia de aviação americana US-Airways (US$ 850.000.000 de prejuízo em 2008) que pousou suavemente no rio Hudson, ao lado de Nova Iorque, salvando a todos. Depois de sugar, aparentemente, uma esquadrilha inteira de gansos selvagens, com ambas as turbinas, a entupir e apagar as duas. Centenas de pessoas observaram o pouso de emergência e imediatamente telefonaram para que houvesse ajuda, mesmo antes do pouso. Será alguém faria por aqui?
O governador do estado e o prefeito imediatamente seguiram para o local, coordenando a ajuda aos friorentos passageiros, por sorte todos sobreviventes. Um literal final feliz.
Tempos atrás escrevi neste desprezível bilogue, quando despencou Learjet após decolagem do Campo de Marte, que nenhuma autoridade surgiu no local, a coordenação do resgate ficou para os bombeiros, policiais e vizinhos. Nem o vice-prefeito deu as caras.
No acidente da TAM e da Gol, recentes, ninguém apareceu durante o rescaldo. Somente o Ministro da Defesa, dias após, foi ao local de acidente no caso TAM e prometeu muito, inclusive novo aeroporto.
Nada ocorreu, o status quo permanece e o único “culpado” foi soturno dono de bordel, cujo prédio fica na cabeceira da pista, com altura acima do permitido, segundo a prefeitura.
Não se trata, porém, de elogiar a questão novaiorquina, onde prefeito e governador se perfilam, como quem pode ajudar ou resolver no resgate ou rescaldo. Não, apenas verificar a curiosidade dos hábitos destes ditos líderes.
Por lá, quase de forma cinematográfica surgem no local do acidente, dão entrevistas, abraçam sobreviventes, falam ao público, prometem fundos e o cacete. Enfim, como em campanha. Talvez a ligar suas imagens ao imaginário público, a ser alguém “que estava lá, coordenava e ajudava”.
Votos futuros, talvez.
Por aqui, a medida é contrária, no sistema de Adolf Hitler. Como? Sim, quando havia más notícias, por exemplo o terrível bombardeio de Hamburgo pelos ingleses, a cúpula nazista recomendou o idiota fosse ao local, para mostrar sua solidariedade ao povo alemão, naquele difícil momento. Em ataque de ira disse jamais associaria sua imagem ao caos, fogo e pessoas sem teto e recusou-se a ir.
Por aqui o mesmo ocorre. Nestes casos de acidentes, enchentes e catástrofes em geral, com ou sem vítimas, as autoridades jamais se apresentam. Lula apenas após terrível chiadeira da imprensa sobrevoou de helicóptero as áreas inundadas de Santa Catarina, na recente questão. Na foto oficial seu rosto em destaque, com o helicóptero, ao longe e abaixo as áreas inundadas, a mostrá-las menores. Foi embora ligeiro.
Em Congonhas e na mata onde despencou o Gol não deu as caras.
Porém estranhamente santificados esses homens, afloram por sobre o mar de críticas e tornam-se ilibados personagens.
Outra diferença curiosa é o modo moral, da vida conjugal desses ditos líderes. Neste caso não muito bem definido o modo, de lá ou de cá.
Em 1989 na campanha para presidente, F. Collor vasculhou a vida do candidato Lula, descobrindo-se não ser exatamente monumento à fidelidade conjugal. Tinha por relacionamento extra-conjugal com certa enfermeira de nome Miriam uma filha, Lurian (Luis e Mirian, singela combinação). Como diz a jeunesse, isto pesou e perdeu a campanha.
As mulheres eleitoras àquela época talvez fossem menos condescendentes com a traição. Nos EUA e França os candidatos também têm seus casos, mas pegos pagam preço mais alto, normalmente o desterro político.
Ou são muito discretos e acobertam, como Mitterand, Roosevelt ou Kennedy, negando até à morte; e convencendo as amantes do perigo de dizerem algo ou, à la Clinton, liberais, agüentando o tragicômico caso da estagiária, que procurava perfilar-se, chantagear e ascender por sexo oral fornecido.
São assim, diferentes, entretanto muito parecidos...
Clicando sobre as fotos, ampliam-se.