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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Energia

O eterno desafio para o homem, diante das condições adversas às quais é exposto em sua jornada de vida sobre este planeta, lastreia-se primeiramente na questão energética. Os ambientes onde ao ser humano era dada a melhor geografia para movimentação e culturas, as áreas planas e férteis, são, em média, também frios. A Ucrânia, a Europa Central e o Meio-Oeste americano, assim como em menor escala a distante província de Buenos Aires, na Argentina.

Com isto tornava-se necessário aquecer ou migrar temporariamente, a segunda opção bastante desconfortável. Imagino os primeiros caçadores e agricultores lançaram mão do combustível número um na história da humanidade: a madeira, talvez alguma turfa, carvão mineral, fezes secas ou até petróleo aflorado (sim, isto existe.)

A sofisticação, entretanto faz parte da evolução. Hoje queimamos um sem número de diferentes combustíveis, até urânio; e experimentamos, há 50 anos, com a fusão nuclear; porém neste último, os limites da tecnologia, me parece se apresentaram, não conseguimos jamais estabilizar o processo, a energia infindável e limpa não está próxima.

Teoricamente é bastante simples: isótopos gasosos de hidrogênio são aquecidos através de potentes campos eletromagnéticos e fundidos, com temperaturas próximas da do sol, coisa de milhões de graus Celsius, a libertarem neste momento energia imensa, transformando-se os isótopos de hidrogênio em hélio. (Heliós, de sol, em grego, diante de gás cujo espectro não sabiam classificar, mas era observado em eclipses e depois foi comparado a certo gás escapava junto a outro, natural de petróleo, mesma coloração de espectro. Dando a entender talvez ocorra fusão em menor escala no centro do nosso planeta, pequeno sol esfriando...).

Em suma, o processo é forma contida de bomba de hidrogênio, um pouco delicada, digamos, de manusear. Não conseguimos e diante da demora, os governos e instituições são mais modestos, com apertos nas verbas de pesquisa.

De qualquer forma, chega-se nesta divagação ao combustível ideal: hidrogênio.

Mesmo queimado, por simples reação química com oxigênio, coisa bem violenta até, o único subproduto é água. Ou seja, se alimento motor à combustão com hidrogênio puro, posso fazer chá com o que sai do escapamento.

Chá quente, basta adicionar os saquinhos.

O fenômeno é conhecido, sabemos ser a melhor forma de produzir energia, queimando ou fundindo núcleos de hidrogênio. Curiosamente é o elemento no universo mais abundante, nós o temos em bilhões de toneladas na água dos mares. Existe à vontade no sol, onde queima faz milhões de anos, nossa fonte primária de energia.

Porém o safado não é simples de obter ou processar por aqui. Existe à vontade nas moléculas de água, porém para separar necessitamos de energia, como, por exemplo, na eletrólise. E mesmo assim processo lento, pouco econômico. Pode ser obtido também por coque, queimado-se a obter monóxido de carbono e vaporizando água por sobre o leito de combustão, formando-se hidrogênio e gás carbônico. Todavia, lá vai energia.

Além disto, é péssimo de armazenar, pois na temperatura e pressão normal do meio-ambiente, dois gramas do gás ocupam 22,4 litros. O equivalente a 4 litros de gasolina seria um quilo de hidrogênio, ou seja: 11.200 litros de volume.

Evidentemente pode-se comprimir o gás (lá vai energia para fazê-lo), digamos até razoáveis 200 atmosferas, entretanto mesmo assim, o tanque de hidrogênio, para ir daqui ao Rio de Janeiro, necessitaria volume de 550 litros; muita coisa para um automóvel.

Por isto ainda queimamos nos carros, aviões, trens e navios os compostos orgânicos de hidrogênio, sempre ligado ao carbono, seu grande amigo. E oxigênio, amizade já mais, digamos, explosiva. Por exemplo, o álcool, onde hidrogênio, oxigênio e carbono fazem excelente combustível.

Até para a alma...

Bomba de hidrogênio, detonada no Pacífico pelos americanos em 1952. Para fundir (ou fusionar) os núcleos de isótopos de hidrogênio, usa-se uma bomba atômica como detonador.

Desenho em corte de um reator para fusão nuclear, um toróide com bobinas eletro-magnéticas à volta, que aquecem isótopos de hidrogênio rarefeito. Pode ocorrer a fusão, com produção de energia, mas o processo é altamente instável.

O maior consumo é de hidrogênio ligado a outros elementos, como os hidrocarbonetos. Petróleo, metano, etc. Para isto furamos até grandes profundidades, atrás do dito ouro líquido.

O ideal está distante. O sol, nossa imensa fonte de energia e calor, onde se funde hidrogênio com imensa liberação de energia, há milhões de anos. O gerador quase perfeito (um dia apagará, claro), mas difícil de copiar.

Comentários (clique para comentar)

Daniel - 23/01/2009 (01:01)

Anitgos, famosos, úteis e (so far) insubstituíveis: Hidrocarbonetos

Zara Patricia Mora - 15/01/2009 (12:01)

é sensato utilizar alternativas energeticas porque o homem tende a devorar tudo o que obtém e pode que um dia tudo se acabe , mas compartilho a idéia que sustenta agregándole minha reflexão se não dão dinheiro para investigação deberian dar-se conta que o que podem perder não é o investimento mas vidas humanas

Thomas - 15/01/2009 (11:01)

Intransponível, por alguma razão, com certeza. Talvez os custos, as usinas de fusão de hidrogênio para operação comercial requerem ainda muitos investimentos. A tal fusão fria mostrou-se gelada, ninguém sabe ao certo se ocorre ou não. As petroleiras defendem seu mercado, mas com certeza é falta de visão delas não investir em hidrogênio como mais um produto de sua linha, assim como álcool. Nossa (do governo, na verdade) Petrobras praticamente não se interessou em produzir álcool, apesar do relativo sucesso do programa. Perfura na costa em condições caras e faz um pouco de cosmética com o bio-diesel, mas sem qualquer entusiasmo. Falta de visão, mesmo.

danilo sanches - 15/01/2009 (10:01)

Tá aí um paradoxo quase intransponível. Exceto pelo fato de já termos soluções baratas, nacionais, viáveis e eficientes que esbarram nos interesses das detentoras do petróleo mundial. Petrobras é peixe pequeno, por aqui faz estrago (leva nossas riquezas para os 60% de acionistas estrangeiros), mas é peixe pequeno perto das montadoras e da Opep. E dá-lhe biodiesel -- bom, mas onera matas nativas --, álcool -- trabalho escravo --, ar comprimido -- boicote da Petrobras. Boa!