Geopolítica e fanatismos religiosos, outras opiniões.
Por Marbidi, um interessado anônimo leitor (e escritor), a prestigiar. Cedo o espaço de hoje à sua brilhante réplica.
Tem toda a razão nosso articulista: “uma (...) luta entre (...) desiguais”, “de tempos em tempos os gladiadores desiguais se pegam, um provoca com rojões, o outro devolve com ataques de caças de última geração”, nenhum reparo à análise – tampouco à proposta alternativa de produzirem em clima de cooperação, israelenses e palestinos, aumentando a riqueza regional, empregando, educando, promovendo, enfim, o bem-estar.
Entretanto, difícil não tomar partido, que mais não seja para satisfazer nossa habitual necessidade de enxergar em toda parte bandidos e mocinhos. E eis aí uma questão complicada, já que não se trata de cinema, trata-se de vidas humanas! Ambas as partes, me parece, e creio que assim à maior parte das pessoas não judias nem islâmicas ou palestinas especificamente, merecem nosso desprezo e protestos mais veementes.
Há argumentos e mais argumentos a favor e contra cada um dos lados dessa luta infame. Porém, se pensamos em radicalismos, creio não ser problemático identificar que a intolerância radical vem do Hamas e seus seguidores. Pois, quem em sua “carta constitucional” escreve coisas do tipo: “...o julgamento final não virá até que os muçulmamos lutem contra os judeus e os matem”, e de acordo com esta máxima age, fabricando “mártires” a favor da causa, não pode, a julgamento de qualquer cidadão minimamente civilizado, escapar da definição do que realmente são: terroristas, assassinos, genocidas.
Este aspecto, o do não reconhecimento ao direito de existência de Israel, me parece, é o que historicamente inviabilizou e segue inviabilizando uma possibilidade de trégua e convívio pacífico, engendrador de progresso e educação, quem sabe. Fanatismo religioso conjugado com ignorância e pobreza é sem dúvida massa de manobra ideal para líderes fascistas, que é o que são: não dão a ninguém, palestinos inclusive, a chance de optar.
Ora, também é evidente e desnecessário buscar aqui provas de que do outro lado, sob o manto de um suposto pensamento civilizado, existem igualmente os mais temíveis fascínoras, a quem em nada interessa qualquer movimento civilizatório no mundo palestino. Há lá, todavia, uma democracia, um povo livre a poder decidir, ao menos em tese, seus próprios caminhos – e isso, por si só, é uma janela para alguma possível racionalidade.
Como dito, argumentos não faltam para justificar qualquer dos lados, quaisquer atos. Interessaria talvez mais, a quem como nós a isso tudo observa impotente e embasbacado com tamanha barbárie, procurar descobrir as causas, as origens de tamanha incompreensão e intolerância. De modo que sugiro aqui ao blogueiro e ao leitor interessado, um interessantíssmo livro que busca provar, em seu interessante desenrolar histórico e argumentativo, que o verdadeiro culpado deste e outros tantos “imbroglios” do mesmo tipo, responde pelo nome de monoteísmo.
É a incessante busca de impor ao outro o “meu deus” (sim, também em minúsculas”: meu deus é melhor que o seu, porque o meu deus é o único verdadeiro). Ora, sob o manto santificado da religião, quanta barbárie já cometemos? Basta lembrarmos das cruzadas e da inquisição, e pronto: os cristãos fazem parte do mesmo mar de sangue.
Bem, ao livro, cuja imagem de capa tentarei pôr aqui abaixo, não sei se este espaço do leitor a comporta. Trata-se de “God Against the Gods: The History of the War Between Monotheism and Polytheism”, de Jonathan Kirsch, não sei se por aqui traduzido. Como já diz o título, um interessante estudo de como o politeísmo, tão mais tolerante já pelo simples fato de a ninguém impor qualquer deus, mas, ao contrário, encontrar deuses para as mais diversas manifestações da realidade e do sonho, de como ele sucumbiu mediante os movimentos “civilizatórios” monoteístas.
Se puder, não perca esta leitura.
Costa Zabra - 16/01/2009 (15:01)
Prefiro os sayings dos Grouchos Marx: "Jamais iria para um clube que me aceitasse como socio". Este blog horroroso só aceita este scum-talk enfadonho, é? Costa.
Thorwald - 15/01/2009 (19:01)
Mark Twain, que também teria dito: "nunca passei um inverno tão frio como o último verão em São Francisco".
Luiz Alvaro - 15/01/2009 (09:01)
THO, VIVA A RAINHA VITÓRIA ! ELA QUE INVENTOU TODA ESSA GENIALIDADDE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!; LUDWIG VON ALBARUS
Anonymus - 15/01/2009 (09:01)
Na realidade de Mark Twain, cujo nome real era Samuel Clemens... Portanto marbidis e hermogênios, continuem assim, em anonimatos e anonimando, com nomes alternativos e correlatos. São a diversão de escritores desde a invenção dos hieroglifos.
marbidi - 15/01/2009 (00:01)
Absolutely right!
Anonymus - 14/01/2009 (12:01)
"It is by the goodness of God that in our country we have those three unspeakably precious things: freedom of speech, freedom of conscience, and the prudence never to practice either of them." Samuel Langhorne Clemens.
marbidi - 13/01/2009 (19:01)
Bem, pretendo nunca ter a pretensão de encerrar um assunto, mas... para por (quase esqueço que não há mais circunflexo neste "pôr" - que merda de reforma!) então, para por fim à minha participação neste artigo pelo menos, digo-lhe, Sr. Anonymus: do mesmo modo que eu, o senhor também se entregou. Bem verdade é que o fez com mais sutileza, sem ser o trapalhão que fui, sem cometer o ato falho que cometi. Certo, porém, que sua identidade está por fim revelada. A mim pelo menos, e os demais leitores que me perdoem, se é que podem estar interessados nesta quase idiotice, se não total, pois -- se eu o entregasse, Sr. Anonymus, estaria traindo o que eu mesmo digo. Estaria tirando-lhe a satisfação de escrever este textos sob o agradável manto do anonimato. Be happy! Mas nada impede que eu o venha a fazer, em outra oportunidade, sem querer...
mauricio paroni de castro - 13/01/2009 (02:01)
excelente artigo, marbidi, também conselheiro do manufactura suspeita, companhia de teatro de maioria pagã e budista.
Monoteísmo e verdades do livrinho são uma miséria infinita.
M.
Anonymus - 12/01/2009 (16:01)
A prática é comum, Sr. Renaux (me lembro das toalhas de algodão, com o similar nome, ou seria Renault...) posso dizer com autoridade. O tão famoso George Orwell, bem, nunca existiu. Era o jornalista irlandês, Eric Blair. ("1984", "A revolução dos bichos."). Nosso Tristão de Atayde, o grande Alceu de Amoroso Lima bom na prática e dizem que o divertido nome Shakespeare, era uma completa galhofa com o público (e os censores). "A lança (ou o falo = spear) chacoalhante (shake = chacoalhar, balançar, mexer), portanto Guilherme Falo Chacoalhante, era, além de bom dramaturgo, um grande gozador). Pode tratar-se até de um "sindicato de autores" da época, diante da aventada impossibilidade de um autor redigir tantos textos. Lenda? Positivamente não sei. Em tempo, Sr. Hermógenes: ser carioca não significa carregar cruz alguma, como comenta num de seus escritozinhos. Mas nada mais direi, a revelar geografias...
marbidi - 12/01/2009 (15:01)
Caracoles, me entreguei. É no que dá tentar esconder-se atrás de máscaras, codinomes e afins: em algum momento, algo revelador escapa. Como agora... Bem, nenhum problema. O fato é que -- e devo dizer que aprendi com você -- escrever sob a proteção de um nome falso ajuda muito, tira o peso da responsabilidade, por assim dizer. Como diria T.B/HCM: somos assim...
Hermógenes de Castro & Mello - 12/01/2009 (11:01)
Ora meu amigo, Marcos Renaux, és tu, mancebo? Saiste do anonimato. Boa coisa. E eu a imaginar uma desta loiras fabulosas, a farfalhar estas páginas eletrônicas com suaves dedos e detonar pensamentos; como em filmes, o herói é confrontado com a realidade, quando o imaginado vetusto e velhinho Dr. Langhorne é deliciosa doutora... por isto é filme...
marbidi - 12/01/2009 (11:01)
Caro Hermó - não precisava tanto; porém, indiscutivelmente, uma honra para mim ter sido guindado a articulista convidado nesta ocasião. Muito obrigado, e um abraço forte.
Anonymus - 12/01/2009 (10:01)
Virou artigo, Hermó. Isto mesmo, merecidamente, como já havia comentado. Brilhante! Nós, anônimos, ocupando espaços, he, he...