Quem é David e quem é Golias?
Na briga entre israelenses e palestinos o planeta assiste a boba luta de boxe entre desiguais. Ou quase telecatch mortal, entretanto sem dúvida com mesmo grau de exibicionismo ridículo e sarcástico. Em pleno século XXI ainda há idiotas, entre eles colunistas em jornais americanos e europeus, alguns daqui, a justificar uma ou outra ação, falando em palhaçadas como “direito à existência”, “soberania dos povos”, “luta pela sobrevivência”, quando no fundo trata-se de um espetáculo tétrico o qual, acreditem ou não, diverte, como em arena, perversamente o resto do mundo há uns bons 40 anos.
De tempos em tempos os gladiadores desiguais se pegam, um provoca com rojões, o outro devolve com ataques de caças de última geração.
Mostram-se as crianças mortas e milhares de despreparados, estes chantageados jovens entre 15 e 25 anos, solteiros na maioria, a gritar pelas ruas, ou em pesados uniformes e armas de última geração, brigando uns com os outros, por ordem de estúpidos políticos sanguinários. Quando alguns anos atrás se divertiam, crianças, com os mesmos jogos eletrônicos ou ouvindo rock.
Ontem leio de um israelense em jornal gringo, justificando seu orgulho com o filho-soldado de 19 anos, lutando pela “sobrevivência” da nação. Um inocente útil, e ingênuo, este pai, com perdões se ofendo, mas o certo seria fugir com o moleque para lugar seguro, protegê-lo desta horda assassina são os políticos de ambos os lados. Qual a vantagem dos “heróis” mortos? A “sobrevivência” da única nação nuclearizada do Oriente Médio, Israel?
Ou pelo lado do imaginado e irreal David palestino levar adiante o projeto do Hamas, a locupletar seus interesseiros dirigentes, mesclando islamismo com belicismo e vantagens pessoais?
Onde há suficientes empregos e empreendedorismo existe muito menos ódio, essa deveria ser a primeira meta do político correto, lamentavelmente pouquíssimos os há. Imagine-se o governo israelense tivesse ao invés dos bilhões investidos em armas, muros e contra-inteligência, montado e incentivado empresas produtoras de materiais básicos para consumo e exportação aos demais países do Oriente Médio e próxima Europa, em colaboração com os palestinos, empregando-os em massa ou criando parcerias com seus empreendedores.
Automóveis, bicicletas, autopeças, vestimentas, produtos agrícolas e pesca, por exemplo. Pequenas aeronaves. Frutas sofisticadas. Barcos. Medicina de primeiro nível. Comércio, centros bancários no estilo paraíso fiscal, turismo e por aí vai.
Dou meu braço esquerdo, do ódio passariam à indiferença, depois à convivência e quem sabe no futuro à união, a chamar a região de Israel-Palestina (ou Parael)?
Nada disto, somente por estas razões já um tanto ultrapassadas, de alegada sobrevivência e ódio religioso, disputando o mesmo deus (com minúsculas mesmo), combatem, admita-se, os praticamente desarmados palestinos, criando a ira dos demais islâmicos. Vivem com medo de ataques, há quase 60 anos. Não dialogam. Uma mansão vizinha à favela, simplificando.
A nação feita na ponta das armas em 1948, repovoada por um povo pretensamente sábio, originário da mais sofisticada inteligência européia não consegue, ainda, sentar à mesa com palestinos e dizer: vamos nos calmar, investir, vamos ceder, ajudar, chega de nos matarmos e as nossas crianças.
Muito triste, porém o espetáculo continua, pois são assim.