Controle total com jeitinho para o duty-free... Somos assim.
Leio aqui da confusão no aeroporto de Cumbica, ao encrencarem com representante popular espanhol e seu spray de barba e outro de desodorante.
Por ordem dos americanos e provavelmente do duty-free shop logo adiante, a Infraero e a polícia exigem no embarque de vôos internacionais todos os líquidos sejam reembalados e selados; ou descartados. A maioria não deseja passar pelo longo procedimento e simplesmente descarta as bombas. E claro, logo à frente, há convidativa loja, onde as mesmas bombas são vendidas livremente. Nenhuma ligação, claro...
Cada passageiro é suspeito de ter reformulado o conteúdo para perigosa nitroglicerina ou outro tipo de explosivo; e imediatamente deve ser reembalado o material, atrasando os embarques internacionais de maneira extrema.
O espanhol oficial, político, ficou exaltado, perdeu a paciência, chamou todo mundo de chatos, foi preso, levado à delegacia de Guarulhos e lá multado em 6 paus, revertidos a “fundo de solidariedade das vítimas da enchente em Santa Catarina” (só rindo, para não chorar... imagino em qual canto este dinheiro irá parar).
A hipocrisia chega a níveis realmente de nonsense. Curiosamente em vôos nacionais tal não ocorre, nenhum controle nos sprays e líquidos. No aeroporto de Ilhéus até pouco passava-se pelo arco a detectar armas, entretanto a bagagem de mão, em mesa ao lado, não era controlada, pois não havia aparelho de raio-x. Perguntei ao terceirizado se não achava aquilo estranho e confirmou ser só para “inglês ver”. Desde o século XIX fazemos as coisa para os ingleses verem...
Embarques internacionais em Buenos Aires não tem a frescura dos líquidos, pelo menos para outros países latino-americanos. Porém aqui somos de negócios, e como para vender tudo é válido, incluindo o confisco de desodorantes, vamos que vamos.
Por Cumbica penso é para inglês e americano ver, mesmo: espanhóis, cucaracheados como nós, de língua similar, tratamos como os anglosaxofônicos pedem. Duramente e se levantar a voz para nós, multa, pesada.
Porém acho o tal do duty-free logo adiante tem discreta parte no esqueminha...
É tão óbvio, chega a dar na vista. Principalmente para as senhoras, não viajam sem os apetrechos de toucador. Vão direto aos artigos, 10 metros à frente dos policialescos controladores.
Século XXI, a era da hipocrisia total.
A frisson controladora à americana de fato torna o voar entre países bastante desagradável. Para simplificar e acelerar há métodos eu recomendaria: os viajantes conjuntamente à passagem recebem da agência de viagens uma bata, (padrão IATA ?), como estas de hospitais, abertas atrás para permitir acesso a papagaios e comadres. E uma sacola padrão, onde guardar as livres compras nos "duty-frees".
Devem seguir ao aeroporto apenas com o passaporte e a passagem, bata e sacola vazia, além dos medicamentos, na quantidade exata para a duração do vôo; vestidos das tais batas, evidentemente. A bagagem já deve ser enviada ao destino por outro vôo, 10 dias antes.
Passados pelos arcos, vão a pequenas cabines, nas quais funcionários da polícia com potentes faroletes, e luvas de borracha, examinam se não há explosivos enfiados nas aberturas naturais. Assim seguem para a aeronave.
Acomodados e divertindo-se com o comprado nos duty-frees, inicia o vôo.
Desembarcados vão às bagagens, enviadas 10 dias antes, como recomendei, e revistas pela Controladoria Geral de Bagagens do Ministério da Lei da Bata.
Na executiva, a bata é de algodão, na turística de náilon.
Seremos assim ?
Em tempo, qualquer lata de spray normal comprada logo adiante no tal shop, e isqueiro ou indetectável cartela de fósforos, pode derrubar a aeronave, portanto o controle é absolutamente ridículo e inútil, além disto me parece, vejam Mumbai, o terror se articula pela Ásia e longe de aviões. Alguém dirá: longe dos aviões por causa dos controles! Responderei: o malvado, meus camaradinhas, com 150 reais de gorgeta coloca o que desejar em qualquer avião e destino, aqui ou Nova Iorque. O terrorismo se afastou dos aviões pela repressão dos líderes árabes, temendo maus negócios, e não pelas artimanhas jocosas do Moita et caterva.