Excitação não acaba, apenas muda de lugar...
Frase curiosa, conceito público, filosofia etílica. Porém sempre aliada a certo teor de verdade; convenhamos no passar dos anos nossos hábitos relacionados aos libidinosos atos de reprodução se movimentam para direções as quais nem sempre encontram base sólida naquilo chamaria de razão.
Dest´arte (combinação estranha, mas parece se usava...) o dito popular, quando afirmado por alguns senhores, a causar alguns risos, pois se desprende da frase ser a troca por elementos outros de excitação: carros, coleções de selos, para-pentes, iates ou comida japonesa.
E não a excitação em outras partes anatômicas. Ou outros seres.
Percebi tal em eventozinho noturno, no qual alguns chegados amigos de épocas distantes, parte de suas esposas e pensamentos se reuniram. O hospedeiro, metido a apreciador de guloseimas do planeta inteiro, entrou com apanhado de pratos nipônicos, desde trouxinhas de pastéis com recheio de couve e carne, a lascas de peixes crus, algumas sobre pequenos bolinhos de arroz adocicado por vinho de arroz e certo macarrão de fécula riziforme, com fatias finas de carne bovina, acelga, cogumelos, cebolas e molho de soja.
Em dúvida se os convivas aquilo apreciariam, pois nem todos se aventuram a comer peixes crus sem maiores certificações de origem.
Impressionante, entretanto houve solitária exceção, homem de ritos rígidos a não apreciar os cadáveres marinhos, raiz-forte e soja fermentada; os demais demonstraram a partir de certa idade, nossa excitação por bonito prato passar àquela da beleza; a atração da sensualidade ao ato fecundo. Comeu-se bem, com alegria. Alguns a revirar os olhos, outros a lamber beiços e muitos a repetir até o saciar as pequenas porções das niponidades, pedindo licenças pelo horrível neologismo.
E ato de alguma regularidade, o prazer comensal. Portando seus efeitos orgânicos presentes, o vil acréscimo de peso.
Vejo-os todos, os amigos, mais robustos, alguns passados da robustez para certo estágio diria, a mim incluído, aproximando-nos daquilo faz médicos erguer sobrancelhas.
A excitação a mesma, a sensualidade passa da beldade física ao prato, aos molhos, aos copos e gelo, ao creme-de-leite batido. A conversa gira entre restaurantes, viagens (e onde se comeu), pratos conhecidos e novos descobertos. Homens e mulheres (estas, porém, mais precavidas com as conseqüências da excitação gástrica; se cuidam melhor).
Porém o dito é fato: não acaba a coisa, muda de lugar.
Somos assim.
Keanu Reeves e Claudia Cardinale, o jovem e a idosa. A atratividade se altera, a sinalização externa indica ao jovem e forte reprodutor a procura da jovem e fértil companheira. Esta é a regra. A excitação se traduz na parceira ou parceiro.
A mesma Claudia Cardinale 40 anos atrás: os critérios estéticos de atração não desviam o jovem a procurar a companhia de excitantes refeições. Ao mais velho ou ao velho, as alternativas se ampliam na excitação e seus agentes.
A excitação diverge para as alternativas, com o mesmo potencial de saciamento. E a estética necessária, o sensoreamento olfático e do paladar se completam.
As cores simulam o desejo, dá-se preferência a peixes vermelhos, embelezam o prato.
Hermó - 12/12/2008 (08:12)
Tenho na vida alguns heróis. À frente meu pai, seguido dos meus filhos. Das heroínas nem falo, pois as constrangeria. Outro herói, dos bons, é meu amigo J. Gerbase. E este diz do alto dos anos de sabedoria, que a questão do prazer talvez tendeu a tornar-se um tanto imediata. Fazer a corte, comprar flores, preparar a conversa, sustentar a recusa, afiar o cartão de crédito, investir em pequenos e grandes mimos, enfim, o jogo da aproximação entre os seres é um pouco complexo demais nos tempos rápidos de hoje. A boa refeição e as drogas prazer menos exigente. Por isto nós humanos os temos ou criamos, estes "substitutos", indo até a tristeza da prostituição, onde a mimetização do jogo do amor é paga. Mas sem delongas.
- 12/12/2008 (01:12)
Os prazeres da mesa são deliciosos, mas os da alcova insubstituiveis, não fique velho antes do tempo. Hermo, sexo não tem idade, e depois dos 50 é melhor do que nunca. Menos comida, menos alcool, bom parceiro (a), aproveita a vida.
Zara Patricia Mora - 11/12/2008 (12:12)
o antigo desejo a vezes pode substituir-se por ócio e umas quantas afeições , mas não há muita gente que ame a solidão a grande maioria se aposentam e vivem mais a fundo sua vida, com seus casais, não é preciso chamá-los superficiais só são pessoas que não viveram totalmente sua vida ,e agora desfrutam das pequenas coisas ,independentemente se essa torcida é cuidar seu horto ou ir em iate mais próprio de endinheirados
Ildásio Tavares - 11/12/2008 (12:12)
Elementar, meu caro Hermógenes, para nós, mais ainda um exercício de manducação. Veja que o ato é metaforizado em português como COMER, eat em inglês, também serve mas como chupar;
essen em alemão é essen e acabou porque os alemães são rigorosamente específicos até na foda e muito otimistas, virgem em alemão é jungfrau que significa mulher jovem, o que aqui seria uma piada. Manger, em francês e mangiare em italianos tem implicações, como na cançao que termina "si tu ne veut pas/je la mets dan mon culotte/ ça ne mange pas du pain. Mas linha indireta. Comida é comida.
- 11/12/2008 (10:12)
La Cardinale é grande defensora dos direitos dos homossexuais na Itália, é contra a opressão às mulheres e discriminação a estrangeiros. Ela nasceu na Líbia, mulher e parece que não exatamente fanática por companhias libidinosas masculinas.
- 11/12/2008 (10:12)
Keanu Reeves é homossexual, a foto é da entrega do premio Bambi faz pouco na Alemanha, la Cardinale a madrinha.
b. picchi - 11/12/2008 (10:12)
o Keanu Reeves tem um affair com a Cláudia Cardinalle??
Jose Américo - 11/12/2008 (09:12)
Bom artigo! Pena que ilustrou com o péssimo Keanu Reeves. Sem dúvida o maior lixo que Hollywood já produziu, o pior ator de todos os tempos. Pior que Stalone e Chuck Norris juntos. Talvez por isto faça algum sucesso...
Hermó - 11/12/2008 (08:12)
O bilogue se alça a correio romântico. O amor é lindo! Que sejam felizes, basta um passinho...
anonima2 - 10/12/2008 (19:12)
Caro Hermó - eu estive na comemoração campestre e lacustre dos trinta e cinco anos; não posso dizer se estive ou não na de ontem. Estreitaria o espectro demasiadamente; o moço de quem quero falar me descobriria mais facilmente, ou mesmo, se não ele, algum desses nossos amigos com pendores para a espionagem. E o que quero eu falar? Bem, o certo é que a alegria toda da festa, fotografado mas não dita em lugar algum que eu tenha visto pelo menos, é um certo cavalheiro de quem, devo dizer, gosto desde aqueles tempos, e muito. Não posso deixá-lo saber quem sou, porque, se não me cuido, vem ele, com seu peso enorme, querer deitar-se imediatamente sobre mim. Não que eu não o queira, não que não possa, mas a verdade é que prefiro dar tempo ao tempo... meus prazeres, talvez porque não me avantajei tanto nos quilos quanto na idade, não migraram, e nem um pouco, da maneira que vc descreve, da libido para o prato, sua beleza, seu gosto e colorido. Sim, eu como bem, mas... ainda sou mais para o sobre a mesa (ou qualquer outro porto seguro) que para o à mesa... Se é que me entende, caro Hermó e caros leitores deste prestigioso blog. E este moço, brincadeiras à parte, é aquele que mais rodeado estava de mulheres, amigas antigas para as quais, uma a uma, ele tinha uma palavra de carinho, de elogio, uma brincadeira que as (nos) fizesse sentir mais queridas. E é isso, sentir-nos queridas, o que queremos. Saber que alguém gosta de nós, que alguém ainda nos vê como atraentes e belas, mais gordinhas, mais enrugadinhas quem sabe, mas belas, porque ele nos canta e proseia como únicas, como "as mulheres da vida dele". E, pelo que vejo, também aos amigos homens ele reserva muito carinho, muito afeto, por alguns uma grande admiração até, como por você, por exemplo. Então, fica aqui dito que o grande elemento da festa, símbolo de que soube e sabe enfrentar adversidades com um humor invejável, muito maior que seus quilos já um tanto excessivos, é este maravilhoso... ai meu Deus, não posso dizer! Mas ele sabe, ele sabe que estou falando dele!
Anonymus - 10/12/2008 (15:12)
Antes comíamos alguém muito e comida pouca. Agora comemos pouco alguém e comida muita. Logo apenas babaremos muito e não comeremos ninguém, nem a maldita comida...