Ô Brahma!
Adoro incorreção política. Porém pouco pratico, sai caro. A invenção da antípoda, nos tempos Bill Clinton governo, a tratar todos os assuntos penosos com delicados gestos, modos suaves e atos proto-dignos, em certo ponto penso detonou reação contrária. Por aqui os seguidores eram conhecidos como aqueles que tucanaram, alusão aos complexos modos de membros do PSDB a descrever problemas reais.
Lula acompanhou em parte, macaqueando os trejeitos dos Fernandos e correligionários.
Surgiram termos como companheiros portadores de deficiência, momento de reflexão nacional, internamento responsável e assim por diante, no passado conhecidos nas expressões simples de “aleijados”, “o povo colocar a mão na consciência” e “prisão”.
O título da abobrinha de hoje traduz o, dizem, dito por Lula ao referir-se a Barack Obama.
”O futuro presidente Obrahma terá grande responsabilidade...”
Piada, evidentemente lastreada no alegado etilismo propagado pelos inimigos; Lula nesses anos a preencher vazios com discursos vazios aprendeu a filtrar bobagens. Quase todas...
De qualquer sorte, Osama, digo, Obama é uma luz na convergência democrática (vejam o termo politicamente correto).
Tornou-se o primeiro presidente negro com mãe branca a governar os EUA. Ou seria o primeiro presidente branco de pai negro? Na incorreção política ele é mulato, café-com-leite. Sarassará. Portanto tanto faz, anda pelo meio da coisa. Não se indisporá com qualquer cor, pois de mãe branca, pai negro (este também liberal bígamo e um tanto infiel, cachaceiro, cidadão do mundo), nascido no Havaí, vivendo parte da infância na Indonésia, casado com negra e eleito pela maioria branca, Obama é sem dúvida a integração do cidadão global à realidade atual.
Entretanto, curiosamente, ainda vítima do racismo. A distinção das raças é elogiada e diz-se: “Ainda bem ficou com uma negra fina e não feito jogador de futebol com branquela loira fajuta, daquelas de bunda grande e tatuagem na goela...”. Ué, um negro casar com uma branca é um problema? Por ser mulato aponta-se como “primeiro presidente negro”, o lado sempre discriminado, à exaustão. Porém é meio-branco. Enfim, qual a importância disto?
Para os americanos, muito. Tanto para brancos (ele é black!) como para os negros (ele é brother!). Aos mulatos ficou o “ele é o que mesmo?”.
A esposa intelectual, Michelle, assim como milhões de mulheres americanas de raízes africanas, levam inocentemente adiante a sutil questão racial, com o estúpido alisar de cabelos. Como as brancas os têm, em média. Desde uma divertida mestre de programas de TV ao colegiado gigantesco de negros, que por sua vez raspam o côco, a esconder, o que na Bahia, na mais grotesca incorreção política e social, denominam cabelo ruim...
Por que seria “ruim”? Onde ficou o orgulho do potente cabelão black-power?
Neste ponto Obama se mostra distinto, sem vergonhas da origem, altivo e presente. Será indubitavelmente grande presidente daquela nação, pela aclamação imediata mundo afora; nação a qual apesar de toda retração em termos morais e diplomáticos dos últimos 8 anos, queiram ou não, mantém-se ainda como a Roma do século XX e XXI.
Com seus incêndios, Neros, Calígulas e Julios Césares.
São assim.