Oscar Lorenzo Fernandez
Aventurar-se pelas raias da música erudita latino-americana é uma tarefa que penso ser das mais adoráveis. Os clássicos que por aqui consumimos normalmente são os ditos palatáveis e populares, sem desmerece-los.
Mozart à frente, Beethoven, Schubert, Bach, Brahms, Stravinsky, Strauss, Tchaikovsky e por aí vai.
Nosso querido Villa-Lobos anda um pouco na berlinda, ela música um tanto mais sofisticada e talvez não tão bem compreendida, pela fusão com os sons dos choros, das modas, etc. Mas seguramente sua peças “Trenzinho Caipira” e os cantos nas “Bachianas Brasileiras” são clássicos de grande peso, conhecidos mundo afora.
Quando enveredamos pela latinidade, passamos primeiro pela Itália, com o antigo Vivaldi, e depois a profusão de compositores de ópera. Na Península Ibérica Joaquim Rodrigo e Manuel de Falla dão o tom (óbvio!).
E chegamos à América Latina, onde na sua parte sul, nós brasileiros temos a apresentar Villa-Lobos, Lorenzo Fernandez e Camargo Guarnieri, os expoentes.
O primeiro e o último são conhecidos como clássicos até de certa popularidade. Mas Oscar Lorenzo Fernandez menos, tanto que sua peça, digamos, mais conhecida e clássica, o famoso “Batuque”, é muitas vezes erroneamente atribuída a Villa-Lobos ou Leonard Bernstein.
Carioca de 1894, filho de espanhóis, somente atinge, à época, prestígio no seu segundo período de produção, de 1922 até 1938. Em 1930 a consagração definitiva com "Reisado do Pastoreio" e sua maravilhosa parte "Batuque". Cujas grandes interpretações são por Arturo Toscanini e a NBC Orchestra ou Leonard Bernstein com a Filarmônica de Nova Iorque (daí a confusão). Não podemos aqui reproduzir, há direitos.
Porém assistir algumas interpretações, e muito boas; entre os jovens maestros, o destaque passa, pasmem, pela Venezuela e a infelizmente uniformizada (ordens de El Jefe, Hugo C.) Orquestra Jovem Simon Bolívar: o magistral Gustavo Dudamel. A beleza da condução e interpretação venezuelana de "Batuque", do brasileiro Fernandez, pode ser acompanhada no Youtube, basta no "procurar" escrever "Gustavo Dudamel".
Por aqui não nos interessamos tanto, não é muito conhecido. Ficamos com os europeus e execução por e para americanos e venezuelanos, mesmo de nossas obras.
Somos assim.