Irados
De tempos em tempos alguns dos poucos leitores a dignarem-se passear pelas abobrinhas aqui deixo (ou planto), indicam outros “potenciais” leitores. Passam-me listas suas de distribuição, evidentemente nem todos, digamos, selecionados. E o processo a iniciar-se após o incauto escriba enviar ao irado não-leitor alguma recomendação para apreciar algo, o que se lê, em alguns casos, é cru, bruto e deseducado.
Certo cavalheiro tão espicaçado com o envio da mensagem, nomeou-me cornão, pedindo encerrar os envios de imediato, sob ameaça de devolver a me...a. Outra, até conheço pessoalmente, em um arroubo de notória insatisfação e desprezo, detonou não ter no momento tempo para ler as chatas abobrinhas da minha pequena horta eletrônica. E hoje recebo de certa senhora, a quem tentei ensinar como bloquear o recebimento de qualquer material enviado por remetente indesejado *, a grave ameaça de denunciar-me como espamista, creio um termo novo. A moça trabalha na Ordem dos Advogados, deve saber do que fala. E se tenho medo de alguém neste mundo de Deus, é de advogados, com seus ternos e longas pausas para respostas, quando perguntamos e jamais, jamais, respondem decisivamente, sempre a olhar o interlocutor como idiota-leigo na base do "voce-não-sabe-de-nada".
A ira se espalha, atrás do monitor ou do volante as pessoas se tornam valentes, críticas, chulas e intolerantes. Por sorte minoria, ainda bem. Curiosamente a ira maior vem de senhoras, com exigências duras como imediatamente!, já!, imbecil!, não ter mais nada para fazer a enviar idiotices!, cuidar da minha vida!, onde acha tempo para tanto estrume! e por aí segue.
Alertou-me uma jovem editora existir um etiqueta própria para enviar-se mensagens eletrônicas de promoção de escritos, ou seja: ao menor desconforto de quem recebe, desculpar-se e remover o nome da lista. Tento seguir, antecipadamente recomendar o bloqueio, instalação de filtro anti-espame (SPAM) e jamais retrucar no mesmo tom. Tira o vento das velas da ira...
Entretanto, muitos dos mais irritados, à minha mensagem pessoal enviada pedindo desculpas e recomendando o bloqueio, sem exceções na verdade, retornam suaves respostas; alguns, percebo, lobos solitários a procurarem o diálogo, mesmo pouco delicado.
Vejo a irritabilidade de alguns, prende-se ao fato de às vezes receberem exclusivamente mensagem spamistas, desde produtos para a fraca ereção à pirâmide a fazer-nos milionários em 3 semanas. Falta aquela mensagem de alguém conhecido, perguntando como anda, o que tem feito, onde dói, como ir a santa... Por aqui em média recebo 50 a 60 mensagens por dia, 70% trata da minha disfunção erétil-sexual (envergonho-me; até nos EUA já conhecem este meu problema) e possibilidade de fazer doutorado sem tese, sem pesquisas, no Instituto de Tecnologia de Viladivostoque, 20% insistem em instalar algum sistema para pescar meus dados pessoais e 10% são de fato mensagens de substância. Mas leio tudo, sou assim.
Para não mais receber meus e-mails basta sobre remetente clicar com o botão da direita (os amigos leitores não imaginam a dificuldade muitas pessoas têm a identificar qual o botão da direita ou esquerda no mouse), abre-se janela e opta-se por bloquear o remetente.
Hermógenes de Castro & Mello - 06/11/2008 (20:11)
Agradeço seu emocionado e emocionante comentário, sobre Austerlitz e Astaire. Os artigos estão todos aqui, basta passear com o cursor sobre as setinhas em "artigos publicados". Para ir diretamente e ver o encanto da dança, com o sincronismo impressionante à Ginger Rogers recomenod clicar aqui em http://www.hermo.com.br/artigos.php?artigo_id=20&pageNum_lista=31. Não li o Austerlitz ainda, mas minha filha faz sua tese de mestrado tendo como tema a obra do sujeito, até a participar de seminário na Inglaterra recentemente, onde Sebald lecionava. Vou tirar o atraso, como dizem. Quanto aos restaurantes paulistanos, também está tudo lá.
MarBidi - 03/11/2008 (22:11)
Caro Hermó - devo estar ficando louco. Penso ter lido aqui, há pouco tempo, um artigo sobre Fred Astaire. Curto, mais ou menos apenas dando conta de que seu nome verdadeiro, seu sobrenome, era Austerlitz. Pensei num comentário, e agora não acho o artigo. Você põe e tira artigos do ar? O mesmo ocorreu com um artigo sobre restaurantes em São Paulo. Como dito, ou estou definitivamente ficando louco, ou ele também sumiu, uma vez que, passado certo tempo, quis comenta-lo e... nada, tinha sumido. Bom, aqui vai o comentário sobre o Austerlitz, esteja este artigo onde estiver, esteja eu louco ou não. No caso de verdadeira a segunda hipótese, restará uma boa sugestão de leitura, espero. Portanto ----> “Mas faz pouco tempo, ao ligar o rádio por pura inadvertência, escutei o locutor falar naquele exato momento que Fred Astaire, de quem até então eu não sabia absolutamente nada, fora registrado com o sobrenome de Austerlitz. O pai de Astaire, que de acordo com este surpreendente programa era natural de Viena, trabalhara como mestre cervejeiro em Omaha, Nebraska. Foi lá que nasceu Astaire. Da varanda da casa onde vivia a família Austerlitz, podiam-se ouvir os trens de carga sendo manobrados de lá para cá na estação da cidade. Esse ruído ininterrupto de trens em manobra, inclusive de noite, e a idéia por ele sugerida de partir de trem para longe eram a única lembrança que ele guardava da primeira infância, teria dito Astaire certa vez.” Este trecho, caro Hermó, pode ser lido à página setenta e um do livro “Austerlitz”, de um autor por aqui, penso, pouco conhecido: W.G. Sebald. Algo que se minha inclinação por seguir C.G. Jung fosse um pouco maior, eu não hesitaria em classificar como um "sincronismo junguiano": eis que, quase simultânea à minha leitura do trecho acima, só não simultânea por impossível, leio este seu artigo. De arrepiar. De modo que esperei terminar a leitura de Austerlitz para me recompor e poder fazer este comentário. Que, de quebra, vai com a sugestão de que você, caso não conheça este autor, o leia. É impressionante. Romances, ainda há outros -- que não vejo a hora de ler, tal a impressão que "Austerlitz" me causou. Não sei se posso dizer que o cara é um “simbolista”, nem importa a que escola pertenceu ou deixou de pertencer, mas o fato é que sua narrativa por vezes parece situar-se entre a vigília e o sono, entre o que parece ser real e o imaginário, entre a memória própria e a que foi apropriada de alguém, sem sabermos de quem nem quando. A par de seus romances, dos quais, como dito, recomendo por ora apenas este Austerlitz, por desconhecimento dos demais, penso não deveria deixar de escapar à sua atenção um estudo que ele fez da literatura alemã do pós-guerra, texto esse denominado “Luftkrieg und Literatur” (Hanser Verlag), indisponível em português. “On the natural history of destruction”(Modern Library – Random House) é sua versão americana. É impressionante: ainda que trate de um tema tão esquivo, tão difícil aos alemães e seus descendentes, descortina uma nova visão acerca da destruição completa por que passaram cento e muitas cidades alemãs em virtude dos ataques aéreos ingleses, e o modo como a literatura de língua alemã tratou esta verdadeira devastação de milhões de civis, cidades, florestas, animais que a rigor nada tinham a ver com o pato. E que foram esquecidos pela história, pela própria história alemã. De arrepiar também. Se tiver tempo e saco, leia, comente e deixe de recomendar se for capaz. Abraços, e fica aí uma sugestão prática para seu blog : por que não possibilitar que os comentários possam ser escritos com a possibilidade de parágrafos, negritos, itálicos etc serem usados? Penso que comentarista se sentiria melhor. Mais “partícipe”. Somos assim, caro Hermó. E... me informe oportunamente acerca de meu grau de loucura, com estes dois textos sonhados ou de fato, espero, desaparecidos.
b. picchi - 03/10/2008 (08:10)
Esse Othon é uma anta, não ?
SPAM HIM !!!
Marcos - 02/10/2008 (17:10)
Não há tempo, efetivamente, para ler tudo o que é enviado. Ora, a coisa mais fácil do mundo nesse mundo virtual, realmente, é pôr o antispam a funcionar. Como é fato que ele não funciona lá muito bem, basta apertar a tecla "del" naqueles mails que você já sabe de antemão -- e quem não sabe? --sobre o que versam. As simple as that. Agora, quem xinga, esperneia, diz não mais querer receber, manda à merda e coisa e tal, este, sem a menor sombra de dúvida me parece, deve estar querendo conversa; algum carinho, algum afago que, não sabendo como dar, busca receber na porrada. Pobre. É realmente curioso. Arrisco, pelo pouco que tenho visto, serem das duas, uma: homens -- iletrados invejosos que, em não sabendo descrever em palavra escrita um pensamento simples que seja, xingam -- ardendo de raiva e inveja da capacidade de escrita e do tempo de que dispõe nosso blogueiro; mulheres -- solitárias, de algum modo problemáticas em suas vidas conjugais, ou simplesmente chatas, rancorosas. Mas, é claro: isso não passa de chute, também devo ter minhas complexidades mentais denunciadas neste comentário. Mas é assim -- quando dá vontade, fazemos, para o bem ou para o mal. E nos divertimos, ponto final. Ninguém, de modo algum, é obrigado a ler, pensar sobre ou comentar.
Hermó - 02/10/2008 (16:10)
Tomo a liberdade de "censurar" o palavreado mais pesadao, para não emporcalhar demais os comentários. Mas o espaço é livre, escreve-se o que vem à mente. Assim é a democracia...
Daniela Brusco - 02/10/2008 (14:10)
Será que a pessoa que escreve prá cará... e filho da pú..., acha que está sendo educado em não escrever o palavrão todo? RAsga de uma vez, meu filho! Sai do armário!!!!
Hermó - 02/10/2008 (10:10)
Eu também me escondo atrás de um nome fictício... Xi!
Cornelia - 02/10/2008 (09:10)
Escondidos atrás de um e-mail com nome fictício, mostram como realmente são. Como os que se escondem em seus "jipes-armaduras" monstruosos atrás de janelas enegrecidas, para ocultar as suas imperfeições, seus complexos, sua péssima educação. Covardes, pois não assumem a sua má personalidade. Não evoluímos muito desde a Idade Média.
Hermó - 02/10/2008 (09:10)
Bom que lê e aponta as questões de escrita, meu filho. Obrigado. Th.
Hermógenes de Castro & Mello - 02/10/2008 (09:10)
Olá, fico contente que lê, mesmo ofendendo por meios eletrônicos. Mas parece que o amigo não lê tudo, no final da mensagem ensina-se como bloquear o remetente, assim ao invés de ofender a minha pobre mãezinha, (e imagino que a sua também ficaria chateada se soubesse que boca porca o filhote dela tem), resolve-se seu premente problema eletrônico. Assim ao invés de simular esta cruel TPM que o assola (que é coisa de senhoras, como sabe...) simplesmente as mensagens que recebe, de pessoas de quem não quer receber, vão ao lixo. Quanto à sua raiva contra Lula, Marcelo Crivella e os demais, incluindo a mim (agradeço a honra), recomendo um curso de "administração e controle da raiva", far-lhe-á bem. E com certeza fará mais amigos, sem essa ira toda. Com um forte abraço e reiteradas recomendações à sua mãe, Hermógenes de Castro & Mello, (com certeza seu escritor predileto!)
Othon Vasconcelos - 02/10/2008 (08:10)
VC é chato pra Cara...!! Por que vc só perde para Marcelo Crivela Lula e seu sequito, quiça vc não faça parte deles. Porra, pára de me enviar e-mail não desejado seu filho da pu...!!
Otavius Maximus - 02/10/2008 (07:10)
Também sou mais ou menos assim: leio tudo. Às vezes, é um inferno...
Daniel - 01/10/2008 (20:10)
Aprendi outro com dia com alguém que parece mais informado no assunto que quando se usam aportuguesações como Instituto de Tecnologia de "Viladivostoque" usam-se aspas. Mas quem sabe...