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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Ai, ai...

Recentemente fiz “levantamento” a respeito dos amigos e conhecidos, no que tange à vida conjugal, se ativa ou desfeita. Boa parte, sinto dizer, a maioria, já desfez o trato nupcial. Alguns refizeram e cantam odes aos novos relacionamentos (entretanto não me convencem, principalmente quando a nova, ou o novo, foram pivô do fim do assunto matrimonial anterior); outras e outros resmungam certa solidão poder ser o preço da paz. Criaram verdadeiras alergias.

O universo dos jovens é o retrato, afinal ser mais comum ouvir dos amigos dos filhos serem de pais separados.

Dos meus filhos as namoradas e namorados são de pais separados. Meus três cunhados são homens separados; concunhado e certa ex-concunhada já estão em segundas núpcias; ou até re-separaram; assim minha irmã, primas na longínqua Alemanha, a maioria dos meus amigos. E amigas.

Todos os casamentos aos quais fomos chamados padrinhos minha companheira e eu, excetuado um, terminaram (e foram alguns...). Não sei se era algum exagero publicado em alguma página de internet gringa, porém penso escrito lá estava 70% dos casamentos americanos terminarem em 5 anos após o convescote e o buquê lançado.

As mais sólidas e rebuscadas instituições matrimoniais, com fortes famílias endossando e escorando o enlace, descambam. Pimba. Fim.

Os motivos?

Existem convergências óbvias: outra pessoa de mais encantos, a grande maioria acaba por isto. Cobranças impossíveis “ela-nunca-faz-algo-comigo” ou “eu-decido-tudo-ele-nunca-dá-opinião” levam a forte desgaste. Ciúmes exagerados, a cansar um dos parceiros, a ponto preferir-se nova escolha. Alcoolismo. Menopausa. Solidão. Indiferença. Desemprego. Puro desgaste pela crítica infindável. Violência. Grave deformação física. Distância. Promoção. Loucura.

Por aí vai.

Mas o ponto inicial e majoritário é determinante, em parte conseqüência de exposição a novos meios e espaços: o terceiro na história.

-“Querida, conheci alguém e preciso falar consigo sobre isto...”

A libertação do jugo escravagista a que submetiam-se nossas avós e bisavós também faz parte.

–“Quer saber de algo, Fernando, vá para o inferno! Lave suas próprias camisas! Não sou sua doméstica! Tenho meu emprego e me viro muito bem, palhaço! Adeus!”.

Como tudo em nosso universo humano há as variantes. Os que ameaçam e não cumprem, os que somem repentinamente, os que mantém “causos” longos em paralelo (com suas úlceras e enfartes), os que na viuvez se libertam e por fim aqueles que nunca nada dizem, amuados em seu silêncio, simplesmente não saberem por onde seguir, infelizes em dobro.

A boa saúde mental, imagino, detona aos insatisfeitos o basta!, sigo meu caminho sem opressão, sem chantagem. E procuram outras ou outros. Por isto ser a maioria, maioria saudável.

Porém nem tudo são más notícias. Um novo método, bem seguro me parece, se tem mostrado adequado: o test drive. Antes de juntar-se os trapos um tempo juntos, a "brincar de casinha"; funciona. Diz um amigo: conhecendo o inimigo...

São assim.

Acaba. Com tendência crescente...

Comentários (clique para comentar)

Desiderio - 03/10/2008 (04:10)

SEM COMENTÁRIO ------NOTA 10

Desiderio - 03/10/2008 (04:10)

Hermógenes de Castro & Mello - 30/09/2008 (16:09)

Bonito e sofisticado o comentário multi-língue. Fico contente que in your third attempt you did the right thing. Mas vejo em geral a coisa não ser tão simples, não mesmo. Tolerance is the golden rule but never bowing back mantendo a altivez, a parceria, senão um se submete e a coisa desanda para o brejo. A menos que um parceiro se acomode nisto, à la 1750, interior do Maranhão... Meu sogro dizia que casamento é como alimento embalado, todos tem validade... Alguns são "longa vida" outros a shelf life é curtíssima. E em nossa ansia geral de reposição e consumismo procuramos os produtos mais frescos, com menor "validade"... Somos assim.

Kiki - 30/09/2008 (12:09)

Antes de qualquer comentario, parabens pelos primerio e ONLY ONE casamento, os quatro filhos. Quanto a mim estou contented and very happy no meu terceiro, and this is the ONE to keep. If I have to decide for THE REASON for a successful marriage, eu concordo com Tomas, e a tolerancia, e poder se entender no meio de caminho. Quanto ao "brincar de casinhas" na pratica nao e tao 'helpful", pois o desgaste no casamento nao se faz nos tempos pre-casamento. Porem tenho amigos que estao years juntos e bem de vida, e nunca assinaram papel, nem tiveram ceremonia de casamento. Although my marriage cermonies go simpler as the times went by. Anyways, we are nearing to the age of reflection and hope it gets us wiser so we can learn to age gracefuly, A bientot, estarei visitando-os em novembro apos as eleicoes. Kiki

Hermó - 29/09/2008 (18:09)

Bom psicólogo, uma nova vida?... acho aqui a coisa anda também pela antropologia. Tempus mutantis, caro Jairo. Entramos bem no meio do ato de jogar querosene na fogueira. Outro dia um conhecido me contou que sua esposa jamais o chamava pelo nome, apenas de "Ô". O casamento transformou-o em vogal. E isto começava a irritar. Outro, a cada presente apaixonado, ouvia duras sobre a fome mundial e situação dos menos favorecidos. A ponto de devolver o comprado. Conta um personagem que em 25 anos de casamento, jamais a esposa fazia o lance inicial da negociação sensual. "Sou tímida"... E a questão básica, nisto, é ouvir que nossa sexualidade "não é tão importante", mas no momento em que o vigor de categoria A + passa a B -, ouvimos o que não queremos. E sem fakes pois não simulamos orgasmos, não funciona, certo? E alguns também deixam de querer ouvir qualquer coisa; e caem fora... Somos assim.

Thomas - 29/09/2008 (18:09)

Quem sou eu para sugerir algo? Diria que tolerância é a máxima primeira, reavaliar de tempos em tempos onde cada um possa estar pisando, comprar umas flores e live and let live...

Denise Pessoa - 29/09/2008 (16:09)

...digo, sugere...

Denise Pessoa - 29/09/2008 (16:09)

E você Thomas, já que faz parte desse grupo pré-histórico, quase extinto, o dos homens casados e felizes, que caminho sujere?

jairo gerbase - 29/09/2008 (12:09)

vc é um bom psicólogo; qdo quiser pode mudar de ofício q vai dar certo; entre o homem e a mulher não há relação biunívoca; é verdade; o amor tentar suprir esta impossibilidade, mas como vc observou não dá conta

- 29/09/2008 (09:09)

Berlin ist immer eine Reise wert!* dizem. Vá comer uns Liebesknochen **no Tiergarten-Caffee ***, como nos filmes da UFA, se ainda existir o local... Nunca fui, mas de 2009 não passa. Abraço, Thoermógenes.

"Berlim sempre vale uma viagem!", ** "Ossos-do-amor, ou bomba de chocolate, por aqui, éclair em outros cantos", *** "Café do Zoológico", dizem era famoso. Th.

mrenaux@renauxsp.com.b - 29/09/2008 (09:09)

Bom artigo, Thomas. Abraços daqui da “longínqua Alemanha”. Berlim é uma delícia, sozinho tende a ser melhor, para evitar justamente (novos) enfartes. Abraços. Marcos Renaux