Policiamento ideológico
O receio do cidadão ao expressar opiniões, mesmo em democracias ditas modernas e estáveis, é decorrente do chamado policiamento ideológico. Nem sempre gerido pelo onipresente estado e suas ações violentas, de tempos em tempos por cidadãos comuns, doentiamente ligados ao denominam o “certo”; e combatem o “errado”. Após anos de governo Lula e o melhor posicionamento econômico do país, alguns cidadãos se arrogam este direito, autoprescrito, de endeusar o presidente da república como acima do bem e do mal.
Experiência interessante passar por isto, relembrou-me os medos dos meus pais, quando descreviam as intempéries ideológicas de épocas nazistas. Não a me outorgar eu comparar Lula e Hitler, nem o Partido dos Trabalhadores com o Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialista Alemão. Seria esdrúxulo e demodeé, porém o tom de alguns seus admiradores, os do Lula, é irritante pela entrega ideológica completa.
Ontem observei sujeito de alcunha Maloca, diretor regional do sindicato dos metalúrgicos, discursar em porta de fábrica sobre sua combativa ação no que tange lei das mais brasileiras conheço: a participação nos lucros da empresa. A lei existe, entretanto não carece ser cumprida. Similar à lei de seguro por tempo de trabalho, o tal FGTS, para empregados domésticos; facultativa. (Pergunto, para que a lei então?)
De dedo em riste, candidato derrotado a algumas vereanças, informou as negociações haviam sido incompletas, injustas. Acusou os colegas trabalhadores de indiferentes, de falta de unanimidade. Elogiou os poucos foram contra o valor negociado coletivamente, entretanto assinaria, para não prejudicar companheiros a receber o valor.
E mais: transmitiu ficou indignado, muito indignado, ao saber no quadro de avisos da empresa, em plena campanha para o uso constante e obrigatório dos equipamentos de proteção individual, lança-se mão de foto do sr. presidente da república, em plataforma de petróleo, saudando o seu séqüito com mãos sujas de petróleo. Sem os obrigatórios óculos de segurança ou luvas de proteção, o anti-exemplo de tudo se prega, e multa, pelas instâncias fisco-trabalhistas neste país.
A indignação do metalúrgico sindicalista aliada à idolatração do sindicalista metalúrgico que fez o caminho até o topo. Acima da crítica, o semi-deus.
E este policiamento a tomar as ruas, entre os eleitores e aduladores. Ai de quem ousar dizer o homem é incompetente, chato, fala mal, etc. Os olhares se torcem, os dedos se eriçam e lá vai: inveja, a vez do povo sofrido, o símbolo, terceiro mandato há de ser.
Ainda não prendem, porém policiam e muitos já silenciaram. Falta pouco para santificar. Eternizar e levar ao cadafalso os infiéis e incrédulos.
São assim.