SPAM!
É a sigla para Sociedade Pró-Arte Moderna, da qual Lasar Segall, o artista lituano que por aqui aportou, foi membro fundador. Discorre sobre ela e as interações com a sociedade o autor Fernando Antonio Pinheiro Filho em seu livro Lasar Segall: arte em sociedade.
Procura entender a inserção social do artista nesse ambiente, lançando o olhar para a decoração por ele produzida no Pavilhão de Arte Moderna, assim como para as festas de carnaval, da dita SPAM.
Na sociedade paulistana dos anos 1920 e 30, encontrou o espaço para o diálogo, entre o expressionismo europeu e o modernismo brasileiro com a liderança de Mário de Andrade.
Um belo livro, edição primorosa da Cosacnaify e Museu Lasar Segall (2008), coleção Ensainhos.
O curioso na carreira do artista plástico, mundo afora, é a presença dos mecenas. Raros os casos onde o dito reconhecimento surge pela espontaneidade. Lasar Segall casa com Jenny, filha de Salomão Klabin, sabidamente homem de certos recursos, a alavancar a decolagem ao mundo maior do reconhecimento artístico por cá. A verificar-se que o mecenato corre não apenas pelo suporte financeiro (e dá ao artista o tempo para as obras), mas pela influência e forma de encaminhar, a quem receptivo, o produto do trabalho.
A influenciar críticas, que podem ser contundentes ao emergente artista; ou suaves e edificantes a quem navega com o forte mecenas no reboque.
Diz o autor: "O amálgama entre os lentes de direito, as frações industrial e sobretudo, cafeeira da elite econômica, e os novos artistas demonstra bem o sentido que a análise fixa para a SPAM: o de algo muito próximo de um primeiro salão aristocrático modernista."
A arte como vendável e palatável às elites é necessariamente também por ela controlada. A rigor todas as atividades que envolvem certo ciclo de apoios e condicionamentos merece de alguma forma a influência de quem exerce o poder, mormente econômico.
Por isto o desprezo relativo às artes sem origem nobilizada, a dita popular. Falta-lhe certo mecenato.