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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

De que matéria são feitos os escritores?

Nossa turma de 1980, engenheiros mecânicos, jamais pensei trouxesse à tona verdadeiros talentos não na arte mecânica, com motores, guinchos, etc. mas na escrita. Evidentemente não me incluo entre os talentos, ainda falta, como dizem, o estofo; isto mesmo.

Para Assis passa-se pelo Machado...

Porém Nelson Magrini chegou lá, um engenheiro que não virou suco, mas livros. E dos bons. Hoje leio aqui interessante entrevista com o escritor, sem querer fazer os comparativos entretanto diria ser nosso melhorado Stephen King, na arte da escrita fantástica e amedrontadora. Abaixo alguns trechos da entrevista.

Sobre o início: "Tudo aconteceu em uma madrugada, no ano 2000. Na época, eu procurava algo diferente para me dedicar, e que também pudesse vir a gerar ganhos. Não tinha uma idéia formada, apenas que deveria ser algo que eu gostasse de fazer e que já soubesse fazer. Depois de muito pensar, e eliminar um bocado de coisas que gosto, mas que não sei fazer, foi de estalo. Eu sabia que sabia escrever. Foi bem assim. Sempre fui um leitor devorador de livros, mas fora as famosas redações escolares, eu nunca havia escrito nada antes, salvo alguns poemas bem livres, e isso já fazia muito tempo. Acredite, naquela mesma hora, eu escrevi um recadinho para mim mesmo (costumo fazer isso para me lembrar de várias coisas), onde apenas dizia: escrever. "

Sobre o trabalho: "Não é nada fácil e sempre necessito desdobrar o tempo vago. Física é uma paixão antiga, inclusive, por muito pouco não fiz faculdade de Física. Neste sentido, foi mais uma decisão estratégica, uma vez que eu havia ingressado em Engenharia Mecânica, no Mackenzie, e Física, na USP. Contudo, na época, trabalhar como físico no Brasil é estar fadado a ser professor, muito possivelmente de colegial. Então esta paixão também me consome tempo, principalmente lendo e estudando muito. A vantagem é que criatividade não tem hora ou lugar, então, sempre que uma idéia me aparece, eu rabisco algumas anotações e depois começo a trabalhar em cima, seja no dia seguinte, seja meses depois. Hoje, tenho me centrado mais em Logística, consultoria em Gestão anda em baixa no mercado, o que torna as coisas um pouco mais fáceis, mas, he he, é uma senhora correria."

Sobre os lançamentos e obras: "De tudo o que já escrevi até hoje, Relâmpagos de Sangue é o mais extremamente visual, onde a própria linguagem que utilizei, bastante cinematográfica, com frases curtas e de impacto, é usada para transmitir sentimentos e emoções de uma maneira direta, crua e até selvagem. É um livro que, se o leitor se deixar levar pela história, ele viverá a aflição, o medo e o terror de cada personagem como se tudo estivesse se passando consigo próprio. Tenho orgulho de saber de leitores que tiveram pesadelos com a história, e outros que não conseguiam dormir, após lerem determinadas cenas. Embora menos filosófico e crítico que ANJO A Face do Mal, e mais focado no entretenimento, em contrapartida, Relâmpagos de Sangue assusta de verdade, ao menos, uma boa gama de leitores."

Sobre o gênero Literatura Fantástica: "É um pouco difícil falar do mercado editorial como um todo, mas as perspectivas dentro da chamada Literatura Fantástica são muito boas, e estão se ampliando ainda mais. É inegável que a abertura atual se iniciou com o André Vianco e com a iniciativa da editora Novo Século, que um pouco tempo criou a Coleção Novos Talentos da Literatura, tornando-a um canal de entrada para milhares de escritores, em sua maioria jovens, que até a pouco tempo não tinham, e nem sabiam, como chegar às editoras."

Para apreciar a entrevista completa, por gentileza acessem aqui .

Grande e bom livro do Nelson, a fazer sucesso. 414 páginas de puro terror, com desfecho incrível.

Nelson Magrini, o engenheiro que virou livro. Bons livros.

Comentários (clique para comentar)

Luiz Alvaro - 29/08/2008 (16:08)

HERMÓGENES

INCLUI-SE SIM. VOCÊ É MUITO INTELIGENTE, INDEPNDENTE DE TITULOI.

LUDWIG VON ALBARUS

Thomas - 28/08/2008 (17:08)

O disse um paulista, que é aberração e pouco sério. C'est moi, mon ami! Jamais me leve a sério, ficaria eu ofendido.

JORGE DOS SANTOS - 28/08/2008 (14:08)

Aqui e alhures existem os sérios e os outros nem tanto, porque somos assim. Feliz porque considerado sério; infeliz porque uma aberração e caso raro.

Thomas - 28/08/2008 (09:08)

"Memórias de Um Carioca Sério" com o complemento "Estudos sobre uma aberração e caso raro", by George Fritz...

JORGE DOS SANTOS - 28/08/2008 (08:08)

Quisera eu ter a facilidade que vocês têm de correr a pena sobre o papel, ou os dedos no teclado, e gerar um livro. Árvores plantei inúmeras, filhos fiz dois e quem sabe, até hoje sem qualquer experiência nessa direção, antes de morrer escrevo um livro. Este artigo está me fazendo pensar seriamente na tentativa.

Anonymus, mais outro. - 27/08/2008 (14:08)

Eu li, é de deixar os cabelos em pé e roer unhas, quem não o faz. Vale a pena.