O filho do veador da Imperatriz Leopoldina
Hoje é dia do soldado, nascimento de um duque, o de Caxias. Dizia-se e cultuavam-no pacificador. Merecidamente, pois apesar de milico não era dado a brigas; ao contrário penso foi quem deu um basta nos quebra-paus constantes nestas nossas plagas imperiais de outrora. Coisa ainda clássica, de mosquetão, baioneta, a cavalo ou a pé. Sossegou uns chatos no Maranhão (Balaida), quietou a gauchada (Farroupilhas) e enrolou no Paraguai, este troço de final incerto. Chegou a ministro da guerra e depois primeiro-ministro.
Defunto, resolveram homenagear o nobre, dando ao seu dia de natalício o cognome "dia-do-soldado". Não se comemora civilmente, mal se menciona. As razões conhecemos: o triste engajamento de militares contra civis desarmados nos ditos anos de chumbo (1964-1985), com torturas, desaparecimentos, censuras, prisões arbitrárias, corrupção generalizada, endividamento catastrófico, desenvolvimentismo sem lastro, Rio Center e ao fim o lamentável Figueiredo, com seus olores preferido, os dos cavalos, a finalmente, dizem, deixar o povo cuidar de si. Pediu este último o esquecessem, foi obedecido.
Luís Alves de Lima e Silva, duque de Caxias. Virou estátua em praça conhecida como Princesa Isabel e adjacente nome de avenida. Nasceu em 25 de agosto de 1803. Efígie de dinheiros, quadro de museu, nome de cidade até. O homem só não chegou a presidente, ainda havia império. Obedecia ao imperador.
Seu pai era veador da imperatriz, a Leopoldina. Uma espécie de pagem de algum nível e foi nos seus braços o recém-nascido D. Pedro II apresentado à corte. Talvez nesta razão difusa, seu apreço à imagem. Com ele termina a figura do milico brigão por aqui. A atuação posterior no século XX a mando dos americanos na Itália já é guerra moderna. Coisa de acordos, trocas e outros troços. Sem honrarias, os heróis são escalados de outra forma.
E dia marcante para mim, pois também aniversário de outro "milico" conheço, meu amigo Octavius Maximus. Também Costa, como a avó do duque, quem sabe aí alguma distante liason de parentesco? Milico dos mais brandos, só o foi por azar, a prestar serviço no tal CPOR em não ter escapado das cotas livres. Me parece não se encantava com balística, ordem unida e soldos baixos. Gosta da engenharia das águas, música e das mineiras. Casou com uma.
Um abraço, grande Otávio.
Hermó - 26/08/2008 (10:08)
Em respeito ao senso estético literário, minha linda, daqui em diante evitarei o "troço". Não é palavra bonita, tem razão.
Cristina El Kobbi - 26/08/2008 (09:08)
Olá, Hermógenes.
Como tem passado nestes dias quentes e secos? ....
Continuo adorando sua sopa de letras, só não consigo gostar de um ingrediente que você usa com certa frequência, que é um tal de "troço", palavra muito feia, me dói só de olhar para ela ..... mas gostaria de sugerir músicas antigas, daquelas que a letra cai como uma benção.
Tenho resgatado com meu pai letras maravilhosas, como esta que você assobiou tão alto que pude escutar; e vale a pena mexer no baú da saudade .
Beijos em toda família.
Cristina.
Hermó - 25/08/2008 (20:08)
Opiniões, incluindo a sua, respeitáveis. Parabéns.
JORGE DOS SANTOS - 25/08/2008 (17:08)
Tudo o que o homem ignora não existe para ele, logo, a verdade se reduz, para cada um, ao tamanho do que ele sabe (Raumsol, criador da logosofia). Meio adaptado, mas acho que representa o que foi “ensinado” a quem não conviveu, ao longo desses anos de “democranarquia”. Os exemplos se sucedem, mas porque apenas não acreditar nos esquerdopatas que hoje ensinam nas Universidades? É muito mais cômodo que procurar informações verdadeiras, pesquisar. Outro pensamento: Não ser descoberto na mentira é o mesmo que viver na verdade (Aristóteles Onassis).
- 25/08/2008 (16:08)
Ambos têm razão: a corrupção era (e ainda é) generalizada. Hoje um pouco pior, pois é tido o ato do bakshish quase como natural. Figueiredo foi o presidente mais desinteressado que o Brasil teve, gaúcho de nascimento, manso carioca de índole. Não disse eu que era corrupto, não está no texto. Geisel se deu bem, com o modesto soldo, chegou a presidente de conglomerados químicos. Medici era truculento, seu troço era mandar, dinheiro talvez não fosse determinante. Mas tem razão, ninguém enricou exageradamente, como talvez um Sarney. Porém os civis, a posteriori, também me parece não exageraram. Os correligionários, genros e filhos, aí sim: concordo. Encheram seus fiofós de bufunfa. São assim!
b. picchi - 25/08/2008 (15:08)
CORRUPÇÃO GENERALIZADA SIM !!!!
JORGE DOS SANTOS - 25/08/2008 (15:08)
Pois é meu caro Thomas, sinto discordar da “corrupção generalizada” e do “lamentável Figueiredo”. Já naquela época, se lembras, eu trabalhava junto à implantação de projetos, e neles via os civis explorarem a incapacidade dos militares em julgar adequadamente as contratações: os assinavam em confiança sem entender, os civis levavam a bufunfa e o militar, por ter assinado, aparecia no dia seguinte nos jornais como um grande corrupto sem ter levado um tostão na treta. Mostre-me um militar que tenha ficado rico no período. Duvido. E o “lamentável Figueiredo” conheci pessoalmente, bem como a maioria da sua turma militar de pobretões, porque o meu padrinho, também um general, era dela. Os que ainda sobrevivem têm apenas a aposentadoria como meio. Figueiredo era grosso, mas sério, honesto e muito afável na intimidade. Uma curiosidade: para pagar a última prestação do apartamento que “adquiriu a prazo” quando presidente, teve que vender o seu mais belo e querido cavalo, que havia ganhado do então ditador da Argentina (esqueci momentaneamente o seu nome) porque não tinha dinheiro para liquidá-la. E hoje hein meu caro Thomas? De 1985 para cá, quantos milionários (ou bilionários) civis foram criados com a corrupção da nossa “democracia”?
Cornelia - 25/08/2008 (15:08)
Uma forma bem original de dar os parabéns...tse,tse