Praticidade reversa, lógica invertida
Nos tempos de Internet e assaltos evita-se ir a bancos. A) pela fuga às filas e B) pela segurança e conforto de realizar o chamar-se-ia home banking. O caixa automático é a última e evitada opção, a sacar-se valores, ínfimos, para o pequeno cotidiano; no demais vamos de cartões de débito e cheques. Melhor método, até a afastar os ditos espertos.
E os bancões a colaborarem, evitando o cidadão se irrite nas agências, com suas diminutas tripulações, nestes botes túrgidos de valores. Louvável facilitar-se a vida do correntista, alguns com serviços nobres, contratando os moto-loucos para trazer papéis ou até usando do nosso caro porém relativamente eficiente sistema de correios.
Com suas exceções, talvez pelo tamanho perder-se um ou outro banco privado no marketing de melhor atendimento, em burocratices dignas da receita federal (assim em minúsculas mesmo) e seu atendimento péssimo, como admite a própria nova chefe do soturno órgão. No passado, para receber-se os préstimos internetianos, o contribuinte menor, no caso de exportações a serem registradas junto à receita, era o incauto instado a deslocar-se para lugar horrendo, em travessa do Largo São Bento, negociar senha e aguardar horas para digitar o acesso. Sem ofensas aos lusitanos, porém o método era digno da mais enraizada burocracia portuguesa do século XIX, entrelaçada com os bit-bytes do século XXI.
Trabalho, trabalhava, com certo bancão que por estes negócios gargantuais comprou menor, filial de americano. A conta foi junto e tudo corria bem; alguns problemas com as novas contas criadas, resolvidos por pessoal, da anterior instituição, com grande presteza.
Mas, todavia, entretanto, o espírito burocrático de antão vibrou no céu dos criadores de dificuldades. Sem maiores explicações e avisos cancelaram os cartões de débito e crédito. Se soubessem o que isto faz para o casamento feliz...
Não apenas uma vez; duas vezes, em seguida. E ao acessar a internet para pequeno lançamento, pronto, pediu-se senha. Teclei e veio cordial entre-em-contato-com-seu-gerente-de-conta.
Ai, ai.
Liguei, informou-me a doce criatura seriam emitidos outros cartões, novamente. Alguns dias após perguntei pelos ditos. Imediatamente enviaram por moto-doido com os tais. E as senhas? Aguarda-se o correio?Não, como em 1894, roga-se ir à agência para em certa(o) "caixa humano" (o que seria isto?) cadastrar a senha e depois em caixa eletrônico autenticar o cartão.
Ou seja: após 20 anos de atendimento sem jamais ter ido a qualquer agência do dito banco, por isto a escolha, a continuar minha vida eletrônica posso ir à agência resolver secreta senha com "caixa humana". Deu-me até medo imaginar qual coisa seria.
Em pleno século vinte e um, onde fugimos de agências bancárias (já presenciaram assalto em uma delas?) e evitamos o caixa automático/eletrônico para o mínimo e emergenciais operações, essa grande instituição volta aos mata-borrões, duplicatas, filas e atendimento VIP (Você-Indivíduo-Perdido) ao prezado cliente, pedindo digitar 6 números no lombo de alguma "caixa humana", após pegar táxi, pagar, procurar agência, esperar ordenadamente em fila (sem qualquer privilégio, em pena por causa própria de não ser gestante, portador de deficiência ou suficientemente idoso.).
Estava em dia ruim, me enchi com a maldita burocratice e falta de senso. Encerro a modesta conta e de "rebote" ainda encerro outra, de melhor movimentação, da firmeca onde ganho meus parcos cobres. Pouco ligaram ao reclamo.
Às vezes nos pegam em dia ruim, nos enraivecemos, somos assim.