Justa homenagem
Vejo anúncio de novo autifite da Gloriosa, nossa representante aérea por tantos anos, marco brasileiro devidamente morto-matado pelo corporativismo exacerbado, inépcia, inércia e esperança que jamais se acabaria, por justamente ser este símbolo.
A competição às vezes de preços ínfimos cortou-lhe as asas. Mas guardou-as, remendou e hoje as veste. Revive-se o renome, porém com custos de mínimo orçamento e os comuns serviços desinteressados, alinhando a renomada, mas pouco eficiente falecida e revivida, àquilo o mercado hoje oferece: muitos atrasos, aperto e, dizem, insegurança. Com preços variando conforme a demanda. Capitalismo, claro e clássico. Faz parte.
Somos assim.
Sob a égide de governo, em preferir vê-la morta; dizendo ser questão privada. E certo populismo oportunista, a informar seus eleitores não viajarem em aviões, portanto não seria importante nem adequado ajudar.
Com razão, não é tal necessário. Governos devem ser para o público e não para companhias ou grupos. Coisa que ignoram, óbvio. Governos, sabemos, são tão aproveitadores quanto a tal iniciativa privada. Os tempos de Gandhi já foram; Fidel, ícone, discretamente promoveu hotelaria e turismo sexual. Bush ajuda muito as petroleiras e fabricantes de armas. Construtora ibérica ganhadora da privatização das rodovias federais não tem o que reclamar do governo da estrela.
Diante disto, a viação aérea dos gaúchos, campeã de manutenção, excelentes pilotos e bons serviços mundo afora, passou ao proprietário de ônibus candangos. Antes porém saneada por senhor dono de fundo de participações, daqueles a com pouco dinheiro e empresa quebrada fazerem bom negócio.
E para mostrar a cara do novo dono, mudou-se a aparência das aeronaves. Logotipo com destaque para grande estrela, encarnada ou encarnando. Da cor e forma próxima ao símbolo do grande partido regente dos destinos da nação.
Este o qual, governo, permitiu a boa farra das competidoras da falecida, liberando os tempos mínimos para pousos entre aeronaves, “overbooking” até limites onde sabe-se a gula fala mais alto, atrasos imensos com certa tolerância nos procedimentos de segurança; e por aí vai. Com divisão do mercado, em saudável meio-a-meio.
Portanto justa homenagem a quem tanto ajudou e, com isto, além do Cruzeiro do Sul, podemos agora admirar mais estas ruborizadas estrelas no céu da pátria.
Nesse instante, salve, salve, Brasil.