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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Hipocrisia generalizada

Era de se estimar após a saída dos milicos do poder, teríamos a chamar-se-ia “abertura no entendimento”, no pensamento e fim da hipocrisia, cujo expoente máximo era a mentira associada à censura. Faz mais de 20 anos, quando sujeito curioso, de Arena em PMDB, do Maranhão pelo Amapá, tornou-se presidente por vice-presidente, com suas conseqüências. Começava a época dos planos e o inferno posterior. E hipocrisias associadas.

Todos sempre a culparem os antecessores, regra generalizada. Máxima primeira dos praticantes desta nefasta arte.

Até hoje.

Porém imaginaria este abestalhado a escrever, tal um dia amainar-se; ou ter fim. A hipocrisia e mentira apenas em momentos de extrema necessidade, facing death or worse, if there is worse... *. Uma sociedade humana calibrada para a felicidade, onde rios de doçura e solidariedade correriam dos mais para os menos favorecidos (quem será faz o favorecimento?). Enfim, tudo melhor.

Estrume bovino, me apropriando desta saudável expressão gringa, pois tudo e nada significa. Não está melhor, apenas a hipocrisia foi melhorada, sua magnitude de 5 no passado, se possível quantificar, pelo menos aqui em terra brasilis passa a gordos 10 e máximos pontos.

Exemplos atuais da nossa liderança no assunto.

1) A tal lei seca, multando e prendendo o bebedor, quem sabe cedendo à força da Liga das Senhoras Católicas ou Mães de Santana (ainda existem?), encarcerando quem bebeu um único copo? Vil criminoso! Hipocrisia? Sim, no momento em que a fiscalização se restringe contra o público pagante da gorda multa de 955 mangos (e tal pode pagar, quem sabe e principalmente “caixinhar” o guarda? Corrupção contra a injustiça social ao pobre meganha, que pouco recebe do estado e portanto tem até o direito de queixar uns troco). Leio aqui se concentra na região de bares caros na Zona Norte e Sul de São Paulo. Como leste e oeste menos têm, e na periferia pobre a multa será solenemente ignorada, e nem há como pagar a fiança da prisão, hipocritamente não há Blitze dos novos apóstolos da moral pública.

2) A candidata jurando meses atrás não concorreria a nada. Não sou candidato a nada, meu negócio é batucada... pelo menos era samba honesto do grande João Bosco. Ontem no comício de lançamento a tia loirona mostrou era apenas brincadeirinha, a testar sua aceitação, dizer “não quero mais”... Lá estava ela, lambendo-se em pensamentos com este infindável tesão, o poder. Hipócrita. Assim como os demais, que pulam de cargo, na procura desesperada de mandar, seja ex-governador talvez até atual prefeito; ou os demais. Importante é a zorra do cargo, com mil perdões, mesmo síndico do prédio, presidente ou vereador.

3) Empresas nacionais e multinacionais a administrarem nossas auto-estradas vejo em placas avisando sobre o próximo aumento, conforme índice de preços IG.. qualquer coisa. Os pedágios robustos, para ir a Santos, em breve morreremos com 17 paus (seria próximo o valor da passagem de ônibus?). O dólar despencando, as despesas idem, destas tão bem administram aquilo já pagamos com nossos impostos, vendido pelo governo como concessão e por fim pagamos novamente pelo uso. Mas sempre com robustos aumentos. Pedágios caríssimos. Hipócritas.

Hipocrisia total e tolerada, somos assim.




Acabo de ver no cruzamento da Rua Itapicuru com Cardoso de Almeida a apoteose da atual onda de hipocrisia. Um bêbado, deseducado (existe bêbado fino, garanto) a incomodar os passantes, principalmente as mulheres, elogiando da maneira mais porca possível, em altos brados, os atributos das moças, a se esgueirarem envergonhadas. Meio-dia na capital, hoje 30.06.2008. Ao meu lado, avançado sobre a faixa de pedestres a viatura placa CMW-2449, carro de polícia. Lá seu código: M-23232. Ao invés de deterem o indelicado sujeito a molestar as senhoras, passar-lhe prisão até baixar o álcool, ou multa, os dois cavalheiros fardados, sem o obrigatório cinto de segurança, pelo tanto nos multam, riram quando o bêbado, após chamar de “vacas gostosas” duas meninas que passavam, apontou o dedo para os diligentes agentes da lei, dizendo: aêêê.... corinthiano! Riram e riram. Riram de todos nós estas paramentadas "autoridades" policiais. Nós, bando de imbecis que segue regras, paga multas e como carneiros corre dos cães que ladram e mordem. Abriu o sinal, lá se foram no carro pelo qual pagamos tantos impostos. E o breaco seguia enchendo o saco das pedestres. Pelo menos dizia as verdades, elogiando os melhores traseiros. Não é hipócrita. Apenas um alcoólatra a ofender todos; porém ofensa por aqui não é crime, caiu em desuso... Mas os bebedores ao volante, os de um copo, serão presos, claro. Ou expedir-se-á mandado de prisão, a juntar aos 470.000 outros mandados a cumprir, com 97% não cumpridos.

* "enfrentando a morte ou pior, se houver pior..."

Raras as aparições contra a hipocrisia. Dizem até ser necessária, essencial. Será?

Um exemplo recente, a candidata que dizia não ser candidata.

Comentários (clique para comentar)

Hermógenes - 10/07/2008 (10:07)

Muita água! Não sei se é possível enganar o aparelho "bafômetro". Mas dizem que chamando o sr. Hugo (ou seja: expelindo todo conteúdo do estomago com a ajuda "digital", ou seja, o dedo) e bebendo um bocado água após, além de um café, somente o exame de sangue a constatar. A que se pode recusar, pois ninguém é obrigado a permitir a violação do próprio corpo ou criar provas contra si mesmo. O exame clínico é ordenado pelo delegado, se este recusado é-se preso por "desacato". Portanto o estado sempre vence... O melhor é levar 500 paus e corromper o guarda, pois ele necessita e sabe que a lei é feita para favorecer a corrupção.

António Gomes André - 08/07/2008 (16:07)

Entendido! Só que aconselhava que bebêssem água por causa do hálito.

Hermógenes - 07/07/2008 (17:07)

O significado é simples: imagine-se um casal, após escaparem da polícia por terem tomado uma cerveja cada; trocam olhares. Diz ele ela linda, diz ela ele cada mais vez simpático. Trocam bitoquinhas, tocam-se pudicamente e depois despudoradamente, indo enfim ao clinch, daqueles só se separam jogando água. O que estariam fazendo? Coitado vem de coito... donde viria o ato de f... , quando não consentido?

António Gomes André - 07/07/2008 (16:07)

Pessoal, tenho uma dúvida! O que f* ?

Hermó - 07/07/2008 (07:07)

Isto mesmo, mas com a escrita dá-se um pouco de abertura contra o troço.

Luiza - 06/07/2008 (13:07)

É...o sistema nos oprime.

... - 04/07/2008 (17:07)

e de novo... como a gente ta cansado de ver, que se f*** é sempre a classe media.... que tem comprar os tais extintores novos, PAGAR os exames médicos a cada cinco anos, a inspeção veicular, os pedágios, os impostos sobre propriedade, etc. etc....

Hermógenes - 04/07/2008 (08:07)

As leis deveriam ser feitas exclusivamente para proteger a vida. Mas são feitas exclusivamente para proteger interesses. Hoje leio de empresa no interior que espera fabricar 40.000 bafômetros ao preço de 6.500 paus a unidade e vender ao governo (são os únicos que fazem). A multa de 955 mangos equivale ao salário inicial de um professor da rede estadual ou de um PM no Nordeste. Ganha a corrupção, ganham advogados e por aí vai. Por isto vão inventando novas leis: extintores novos, exames médicos a cada cinco anos, inspeção veicular, pedágios, impostos sobre propriedade, etc. etc. E nós carneirinhos vamos aceitando. Somos assim.

... - 03/07/2008 (12:07)

Aqui vai a solução derradeira para o problema do bafômetro. Vamos substituir a bebida pelo Crack! A Lei de Drogas somente prevê a pena de advertência e prestação de serviços à comunidade para o usuário regular de drogas, sendo inclusive proibida a prisão do usuário, tratamento reservado apenas ao traficante (quem duvidar, leia a lei 11343/06, artigo 28). Ou seja, é muito mais negócio fumar crack do que tomar um chopp com os amigos e voltar no seu carro. Pelo menos, não serei tratado como criminoso (!!!). Adoro esse país. Aqui tudo faz sentido!