Corrupção 3.0 seguindo a 4.0...
No primeiro mandato do atual ocupante da presidência, logo após sua posse, conversava eu com importante “player”, como se diz, do mundo da assessoria de imprensa para grandes empresas; e também políticos.
Nossos filhos eram amiguinhos de escola e às vezes nos encontrávamos para um papinho.
Era próximo de mandatário anterior, com quem seguia em grande amizade. Conhecia os trâmites e conchavos da “grande política”.
Perguntei à época o que achava da eleição de suposto esquerdista para o grande posto. Retornou algo como “na economia parece não vai alterar as coisas, está indo bem. Mas vai ter que distribuir postos a incompetentes colaboradores e apoiadores. E certamente será a maior farra de corrupção na história do país.”
Fiquei em dúvida, pois o “pacto de governabilidade” , certa Realpolitik tupiniquim me parecia à época menos propensa a arrojos na corrupção, como por exemplo foi na ditadura.
Mas ele estava certo. E segue certo. Nesse 3.0, e provavelmente 4.0, a corrupção tomou conta da nação. Curiosamente disfarçada de “programas de governo”, “auxílio social”, “investimentos em infraestrutura”, etc.
Com uma mesclagem nova e potente: a política controlada por facções, se apoderando de setores importantes, como combustíveis, furtos de aposentadoria por manobras “oficiais”, a procurar deixar como algo lavado e bonito. A bandidagem curiosamente quer ter seus negócios sempre lavados e limpos...
A máfia nos EUA dos anos 1920-30 deixou escola.
E até a nós pequenos, depois de anos de certa paz no estilo “deixem produzir, empregando pessoas, não atrapalhem”, a corrupção volta com carga. Recentemente diretores de sindicato dos trabalhadores nos abordaram com esdrúxula proposta: para não “termos problemas” e em vista do fim do imposto sindical, pediram aporte em cestas alimentícias (não as físicas, mas os tickets como recebem nossos colaboradores), mensal e contínuamente, para alguns membros da instituição.
Recusamos e prontamente fomos denunciados ao ministério público do trabalho, anonimamente, por “questões ambientais graves na empresa, assim como falta de equipamento de proteção individual para os trabalhadores”. Uma mentira, mas o ministério público passa a investigar.
Fiscalização feita, nesses quesitos nada encontraram, mas exigiram verificações por médico do trabalho sobre acompanhamento nas questões fisiológicas dos trabalhadores, a ver se, mesmo com os equipamentos de proteção, ocorre avanço na perda auditiva. Para não perder a viagem e ter cartas na manga, a forçar mais verificações e vender serviços ou favores de terceiros.
O roteiro conhecemos. Envolve toda uma gama de empresas que fornecem esses serviços, com laudos longos (e caros), assim com associações de peritos corruptos que, sabendo empresas têm melhor condição financeira que reclamantes ou denunciantes, vendem relatórios favoráveis. E por aí vai.
Grassa a prática, sempre agora travestida de algo oficial ou “social”... Hoje pela manhã observo várias betoneiras ocupando a faixa exclusiva de ônibus numa importante avenida de São Paulo, onde se constrói prédio gigantesco. Reservada por cones e bombonas com um papel afixado, liberando o uso para tal, pela prefeitura.
Alguém articulou isso... e deve ter pago pelo absurdo, a criar imensos congestionamentos.
Corrupção é isso.