De volta à infância.
Foi maravilhoso. Em pulo de décadas, muitas, retornei aos meus anos de pequeno.
A começar com elevador antiquado do prédio onde se deu a singela festinha. Do chamador único e moldura em chapinha de latão, no interior o painel dos sofridos botões e a porta de janelinha-grade, a ver os andares passando.
E lembrar ir pagar contas com minha mãe em vetustos prédios no centro da Paulicéia, segurando sua mão e todos nos elevadores mais altos que eu. Alguns olhando o pimpolho assustado com a aglomeração, no estilo "já vai passar"...
E a festinha. Mesa lindamente posta, com decoração à paulistana. Brigadeiros, pequenos balões, um lindo bolo, a vela de aninho da neta predileta (só tenho uma neta, os demais são rapazes, todos meus prediletos!)
Com refrigerantes, amendoim bolinha japonês, sanduíche de metro e muitos brigadeiros. Pulei o uísque e a cerveja, me refestelei na lembrança de guaraná-caçula, brigadeiro dissolvendo com o chocolate granulado escovando o céu da boca; e o pão fresquíssimo do sanduba longo.
A risada de todos, a conversa sobre nada importante, apenas divertido. O brilho dos pequenos e grandes convidados, a ver os presentes para a jovem. Sem exageros, coisa de família.
Engatei um saudosismo discursivo meio chato talvez, para os demais. De idas ao litoral com um tal Expresso Luxo, carros de passageiros seguindo a Santos. Do não mais circulante bonde na orla da bela cidade portuária. De restaurante e hotéis extintos.
Silenciei, apreciei paisagem da janela no belo bairro paulistano, lua pendurada em meio brilho no céu pacífico, sem nuvens.
Veio o pequeno susto da neta na hora do poderoso parabéns-a-você e o pipocar de uma vela sonora. Mas a mãe confortou em frações de segundo, abriu-se o sorriso de alegria. Creio até captou um tanto da mágica de seu primeiro ano passado.
Muitos outros venham.
Viva Elis.