A revolução doméstica está chegando.
"O homem mandou comprar dois potes de requeijão, está ali no zap que mandou."
"Não se mete, tem um pote sobrando lá, para que mais dois?"
"E para comprar talharine, assim escreveu."
"Tem macarrão lá, não sei o nome mas é macarrão. E é tudo igual."
"Você sabe que aquele não é talharine e ele pediu talharine."
"Não se mete, eu me entendo com ele."
"Está com preguiça de fazer certo, né?"
"Olhe que você se arrepende de me encher e conto das suas para ele."
"O homem mandou colocar a poltrona na sala, não no jardim-de-inverno."
"Não se mete, aquela coisa é muito feia, vai para lá mesmo."
"E para não colocar toalhinha rendada sobre a mesa, deixar lisa."
"Tem toalhinha lá, não sei o nome mas é toalhinha. E é tudo igual, renda ou não."
"Você sabe que não é para colocar e ele pediu: nenhuma."
"Não se mete, eu me entendo com ele."
"Está querendo mostrar o que ele pede não é o que você gosta, né?"
"Olhe que você se arrepende e conto das suas para ele. E mais, não banque quem está do lado do patrão. Isso vai acabar. E logo, a coisa agora é nós, entendeu?"
"Não tem mais talharine no mercado, santa? Usou minha massa de cotovelinho importada, cara e difícil de achar, pô!"