São Paulo e 25 de janeiro.
Nasci por aqui há 67 anos, salvo breves períodos em outros cantos, minha vida se resume a São Paulo.
Gosto do pedaço, meu!
Reclamo, como todos daqui ou chegados, de trânsito, barulho, motoqueiros aloprados e custos altos. Mas sempre ao retornar à minha "Sumpa", certo aconchego e tranquilidade se instalam.
E com quem divido as delícias e agruras da vida conjunta, vinda da calorosa Bahia, declarou ao conhecê-la jamais pensar em morar nessa cidade.
O destino fez outra conta.
Creio, passados tantos anos, não descarta em algum momento afirmar sentir-se bem nessas bandas. Seu novo-velho lar e queira ou não, a maior cidade nordestina do país.
Porém curioso sobre a origem do nome da maior cidade no hemisfério sul do planeta e da data de fundação, resolvi ir a um pouco de História, se me permitem.
Trata-se de homenagem induzida pelo Padre José de Anchieta, espanhol das Ilhas Canárias a convencer o Padre Manuel da Nóbrega, portuga da gema, oficializar a fundação do vilarejo e seu colégio em um 25 de janeiro.
A razão da data, (atenção antissemitas de carteirinha!), é curiosa: São Paulo ou o apóstolo Paulo, nascido em família judia na Turquia como Saulo de Tarso se dedicava à perseguição dos primeiros discípulos de Jesus na região de Jerusalém.
De acordo com o relato na Bíblia, durante uma viagem entre Jerusalém e Damasco, numa missão para que, encontrando fiéis por lá, "os levasse presos a Jerusalém", Saulo teve uma visão de Jesus envolto numa grande luz. Cegado por isso, teve a visão restaurada por Ananias, que também o batizou.
Era época de milagres, hoje escassos.
Atribui-se a data de 25 de janeiro entre cristãos católicos como o dia Saulo em conversão e batismo passou a Paulo (adotando sobrenome romano Paulus como prenome, era chique latinizar) e virou apóstolo. Sem conhecer Jesus em Seus tempos na terra firme.
José de Anchieta tinha lá seus problemas com o antissemitismo. Explico: Sua mãe era natural das Ilhas Canárias, filha de judeus cristãos-novos. O avô materno, Sebastião de Llarena, era um judeu convertido do Reino de Castela. Anchieta viveu com a família até os quatorze anos de idade, quando se mudou para Coimbra, em Portugal, a fim de estudar filosofia no Real Colégio das Artes e Humanidades, anexo à Universidade de Coimbra.
A ascendência judaica foi determinante o enviassem a estudar em Portugal, vez que na Espanha, à época, a Inquisição era mais rigorosa. Ingressou na Companhia de Jesus em 1 de Maio de 1551 como noviço.
Certamente influenciado pelo apóstolo Paulo já tornado santo e o novo-cristianismo da mãe e avós, fez essa sutil homenagem a todos os convertidos, forçados ou não.
E isso é São Paulo, a grande cidade dos convertidos!
Somos assim, uma aldeia de 11 milhões onde somente 30% são aqui nascidos. Os demais convertidos à paulistanice.
Ôrra meu !