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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Ermelindo, vamos lá!

"Ermelindo, meu amor! Temos que nos entender.

Eu sei que está adorando o negócio de protestar contra a injustiça das eleições, mas a Dona Eufrásia já ligou duas vezes para saber do aluguel.

Eu sei que é injusto querido, mas você assinou o contrato lá atrás. E pagou quase sempre. Só por que ela é da oposição, não quer dizer que não precisa pagar mais. Quem ocupa sem pagar dizem são os seus inimigos.

O rapaz da sua firma também ligou, disse que se não aparecer em 30 dias, que acabam amanhã, é justa-causa e abandono. Aí só recebe férias proporcionais e saldos não pagos.

Sim, eu sei que é injusto e que os correligionários precisam de sua ajuda para a intervenção sair. Mas a firma precisa de seu trabalho também. E pagam por isso.

A intervenção não tem preço, eu sei; mas também não põe o pão na mesa.

A escola dos meninos também mandou cartinha, que vergonha com as outras mães, meu bem, todo mundo sabendo. Não vão renovar matrícula ano que vem, se não pagar os atrasados.

Sim, eu sei que são uns esquerdistas de merda, mas é baratinha e foi quem deixou de lado uns débitos dos anos anteriores. Faz uma força, vai amor!

Sua mãe ligou que precisa voltar para o Rio, mas não tem assento para idoso no busão. Disse que você tem um amigo lá na polícia rodoviária que resolve.

Eu liguei para o Netinho lá no posto da Dutra, mas ele disse que você está devendo uma grana para a irmã dele e não vai fazer mais nada.

Enfim, Ermelindo, ajuda aí.

Volta para casa e vamos resolver.

A intervenção pode esperar um pouco. E essas gordas com cabelo pintado de amarelo e camiseta da seleção, no churrasco aí no portão do quartel, não vão resolver. Eu não ligo, mas elas não vão criar seus filhos, talquei?"

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