Preparos
Por Erica Silva Teixeira, de Salvador
Vocês já pararam para pensar na quantidade de “preparos” que a vida nos demanda ?
Basicamente, para absolutamente tudo o que fazemos, há um preparo. Nos preparamos para nascer. Nascemos, mamamos e nos preparamos para andar. Primeiros passos dados, e, nesse desenrolar, o caminhar, o correr, o manuseio de garfos, o balbuciar das sílabas, o aprendizado de cores, texturas ... e seguimos nos preparando para a infância, para a escola, os novos amigos, os livros e tudo o que uma criança tem direito.
Daí, quando achamos que já sabemos um bocado de coisa, eis que surge o preparo para a juventude. E para a vida adulta. E para a velhice. Com todas as suas intermitências. E vamos percebendo que todos esses preparos seriam necessários para que estivéssemos exatamente onde estamos hoje.
Prepara-se um projeto, uma comida, uma fala, uma música, mostrando que absolutamente qualquer coisa criada pelo homem nunca o é sem que haja um processo, um desencadear de fatos, acontecimentos e ... preparos !
Começamos a encaixar esses diversos preparos em nossas particularidades, personalidades, questionamentos, dando forma a quem somos em nossa tão bonita humanidade. Acontece que, cá eu com meus botões, percebi que existe uma única coisa para a qual a gente nunca está preparado: a morte.
Se dermos um bocadinho de atenção à lógica natural das coisas, essa deveria, inclusive, ser a única coisa para a qual deveríamos nascer preparados. No entanto, a certeza da brevidade e finitude da vida parece que nos é roubada quando cá chegamos, fazendo com que, a cada tropeço da perda, nos questionemos “como vamos lidar com a vida” sem aquele que perdemos.
E, embora pareça óbvio e ridiculamente simples, nunca há pleno preparo para a perda.
Seguimos aqui, despreparados para a finitude de nossa existência, desejando que os que amamos fiquem sempre do lado da gente.
Somos assim. Mas por tempo limitado.