Essa Grécia está se miserificando...
Por Helena Iaconis Sevastopoulus, de Pátras, Grécia
Caminhando pelas ruas de Pátras, Helena e sua colega tailandesa, a quem não ousava chamar pelo complexo nome, apenas por "você", comentou como durante aquele primeiro ano de pandemia e após as sucessivas crises de liquidez da nação, havia aumentado o número de perdidos pelas ruas, sujos, a revirar latões de dejetos e pedir a passantes alguma ajuda.
Em plena Europa do século XXI, cenas de uma Grécia dos anos da ditadura.
A jovem disse, "Bangkok mais limpo, muito mais!"
A profusão de miseráveis acelerou naquele terrível 2020. O grande empregador grego, a indústria de turismo gerara milhares de desempregados. Alguns tentaram outras formas de sobreviver com entregas de alimentos feitos em suas casas.
Mas os gordos Euros trazidos por alemães, dólares americanos e libras inglesas faziam falta.
Um país constantemente de joelhos, a implorar valores à Comunidade Europeia, acertadamente notava Helena o decaimento.
De volta à casa onde seguia uma vida isolada, mas menos tristonha que durante seu casamento infeliz, comentou ao perguntar o que desejaria para o jantar ao senhor advogado, o que havia notado pelas ruas.
Este devolveu: "Nossa glória grega foi há 3.000 anos, berço de civilização e democracia. Hoje somos apenas país como os demais de, digamos, segunda linha. Europa das beiradas, mantida com empréstimos. Turismo, enlatar azeitonas e exportar mão-de-obra barata, é no que nos transformamos."
O doutor declinou do jantar, dizendo apenas querer vinho e queijo na varanda, a observar o mar à distância.