O saboroso segredo do senhor advogado
Por Helena Iaconis Sevastopoulus, de Pátras, Grécia
A rotina se instalara na nova vida da Helena.
Conhecera a casa toda e verificara os hábitos do senhor advogado. Homem de rotinas, somente aceitava questões profissionais locais e familiares, para não necessitar ir a Atenas.
Os nomes de quem falava ao celular Helena não conhecia, porém a menção dos assuntos não o interessavam, dizia passaria a um colega mais experiente, mostrava não desejar questões requeressem viagens.
Como era boa cozinheira, procurara saber o que o homem apreciava. Eram pescados e assim mantinha algum contato com o filho, auxiliar do ex-marido em seu pequeno barco.
E com isto veio à tona, como peixes pescados, um dos segredos do seu empregador.
Este pedira a Helena o cozido sua antecessora preparava com maestria, melhor que em qualquer restaurante, quando ainda estavam operando.
Queria kakavia
Porém servido naquilo dá o nome ao prato, o kakavi, aquele caldeirão de três pés, comuns em todo Mediterrâneo europeu.
Todavia feito apenas com aquilo sobrado da rede, após a venda dos peixes maiores. De caramujos do mar a pequenos camarões, filhotes de peixes, mexilhões e ouriços.
Essa era a depreciada refeição do pescador, passada à iguaria, quando provado no passado distante daqueles em terra.
E no piso de sua varanda da silenciosa casa, observando o mar, direto de seu kakavi, com modesta colher de madeira, o senhor advogado sorvia e mastigava daquilo Helena preparara melhor, bem melhor que a antecessora.
Afinal havia sido mulher de pescador.