A nova morada
Por Helena Iaconis Sevastopoulus, de Pátras, Grécia
Helena solicitou ao advogado se poderia ocupar em sua vasta casa um dos quartos atrás da cozinha, aparentemente vagos, pois não tinha onde ficar.
Genros e noras haviam recusado recebê-la, por moradas pequenas e netos crescendo.
O senhor advogado relutou todavia após avaliação mais serena, facultou a Helena morar por lá. Porém a partir das 19 horas não mais circulasse pela parte dizia "privativa". Era pianista nas horas vagas e necessitava, como disse, muita concentração.
Nada ela levou ao seu novo canto, a não ser algumas roupas, sua bicicleta e um quadrinho com São Nectário de Égina, o tinha como seu padroeiro e protetor.
E um segredo : um conjunto de roupas íntimas vermelhas, mínimas. Trajado uma única vez, em viagem do marido, só, em frente ao espelho nublado de um depósito no pequeno quintal.
E algumas fotos de filhos e netos.
Seria tão pouco, pensou, o que precisamos para uma vida tranquila...
Certa melancolia se apossou da Helena, quando se viu naquele pequeno quarto. Como zeladora da casa do seu advogado, que conhecia, e não conhecia, de tantos anos. Aquele soturno homem, de poucos sorrisos. Fez a papelada quando da morte de sua mãe, da sua cunhada e a confusão com a herança para os sobrinhos.
Enfim, quase senhora sexagenária, a curiosa alteração em sua rotina.
E então sorriu, lembrou liberdade ter seu preço. Não era assim diziam?