Foto do Hermógenes

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Até logo!

Por Helena Iaconis Sevastopoulus, de Pátras, Grécia

-"Senhor advogado, eu vim para pedir o divórcio daquilo chamam de meu marido".

-"Senhora Andropoulos, a conheço faz tantos anos, não consigo imaginar queira fazer isto. Mas se puder me dizer as razões, talvez fique claro para mim e seguimos em frente."

-"Faça-me as perguntas, senhor advogado. Sou pessoa simples, não saberia elaborar uma resposta única."

-"Muito bem, vou simular como se faz no tribunal de casos da família em Pátras."

-"Estou pronta!"

-"Senhora, ele a traiu ou trai?"

-"Jamais."

-"É violento consigo, filhos, netos, vizinhos, cães, sogros?"

-"Incapaz de gestos duros, manso."

-"Devedor?"

-"As contas certas com sobras, doutor."

-"Bebe demais, a incomodar?"

-"Como todos homens em Pátras, para dormir e esquecer a dureza do cotidiano."

-"Desculpe a intimidade, mas a vida sensual em ordem?"

-"Escasso o tema, mas às vezes ainda ocorre. Na nossa idade não é tão importante."

-"E por que deseja o divórcio?"

-"Doutor, eu me cansei dele, da vida de casada, da relação, da mesmice, do tédio que ele é. Não quero mais, me enchi do sujeito. Do seu jeito, do rosto, dos modos. Quero novidades, vida, dançar, jovens ao meu redor, gastar o que não tenho, viajar, sentir o vento, as águas, o vinho!"

Pensativo o advogado fita a senhora madura, seus cabelos prateados, os vincos, o semblante entristecido.

E concluiu:

-"Vamos em frente, à sua libertação!"

Tradução pelo inglês de H. Castro & Mello.

A escrita de H. Sevastopoulos (foto) é de uma simplicidade cruel.

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