Onze de agosto
Por Erica Silva Teixeira, de Salvador
Ser advogado, antes de mais nada, é fazer valer o direito. Não o direito pelo direito, mas o direito pela justiça. Ou melhor, pela preservação da dignidade de cada indivíduo.
Incorporando o Michel Temer que existe em mim, valer-me-ei do pouco que sei para citar nosso querido professor Lenio Streck: “há que se levar o direito a sério”. E isso, fundamentalmente, depende da advocacia. Ou esta daquela. Não sei.
Brinco com meus chegados, dizendo que direito e advocacia são coisas completamente distintas. Escolhi o primeiro e, de brinde, levei o segundo. Gosto mais daquele que deste, embora reconheça que, sem o segundo, não consigo fazer valer o primeiro.
Advocacia é sobre ação. Direito, erudição. Em diversos momentos, se misturam, embora não possam ser confundidos. Às vezes também é o contrário (por mais contraditório que isso pareça), inclusive porque ambas se fazem presente através do ato de comunicar. E comunicar, meus jovens, encontra infinitos meios.
Escolhi o direito pela literatura e pela linguagem. Aliás, serei justa: escolhi o direito para por em prática, talvez, a minha maior habilidade – quanta audácia a minha -: a de convencer pessoas. E convencer, aqui, não é sobre impor minhas razões, mas mostrar que existem tantas outras igualmente legítimas aos ouvidos do meu interlocutor. Logo, talvez, a verdadeira habilidade oculta seja a de desarmar o outro, permitindo que ele abra - com minha pequena ajuda - outras portas no espaço do conhecimento, que é infinito.
É disso que trata a advocacia, afinal de contas: convencer o outro de que sua história também merece ser levada em consideração, especialmente sob a tutela do estado e das leis, feitas por aqueles que elegemos. Esse perfeito ciclo é o que se chama, inclusive, de estado democrático de direito.
Quisera eu desenvolver aptidões técnicas profundas a ponto de me satisfazer com atividades isoladas, exatas, estritamente técnicas ... (agora imaginem “Kikita” como engenheira ou cirurgiã?) Mas não. É no direito que encontro espaço para passear nas diversas áreas do conhecimento e, ainda sim, persistir lutando dentro do espaço que mais me fascina: o das leis.
Digo e repito: 500 vidas eu tivesse, 500 vezes escolheria o direito. Não por acaso, também a advocacia.
Feliz dia a todos !