É chegada a primavera...
Por Erica Silva Teixeira, de Salvador.
Hoje, o ex-Presidente Lula completa 74 anos.
É curioso falar sobre isso aqui, em redes sociais, pois as infinitas mensagens subliminares implícitas nessa pequena observação podem me causar diversos confrontos e, invariavelmente, ofensas.
Mas, ao sentar meu belo derrière na cadeira para estudar, é impossível não pensar no que esse homem representa para a história (política) do Brasil.
Bem verdade, já não posso chamá-lo apenas de ex-presidente, ou presidiário, ou bandido, ou ladrão, ou pai-dos-pobres, ou gênio do mal, ou cachaceiro …. tudo isso compõe o que ele se tornou: uma ideia.
Uma ideia fixa.
Um marco. Marco histórico, político, governamental, social, econômico e, principalmente, um marco referencial. Um acontecimento. Porque é a partir dele, queiramos ou não, que os relatos sobre o nosso país estão sendo contados mundo afora. Já não temos mais o direito de negá-lo.
Quando se vive um momento histórico como o que o Brasil está passando, os cantos das sereias serão ainda mais doces aos ouvidos de Ulisses ... e o desfecho será uma mera consequência do tempo. Estão, ao menos, permitindo que novas páginas sejam escritas. E isso, o "presidiário" tem feito com muita coragem. É presunçoso julgar pessoas quando não conseguimos compreender contextos e circunstâncias.
Como negar que a história dele se confunde com a nossa história e seus erros se confundem com os nossas próprias incoerências ? Vestir togas é sempre uma tarefa fácil. Ocupar a cadeira do réu, nem tanto.
Como estudante, entusiasta, advogada e, principalmente, uma moleca eternamente curiosa, me apercebo de que, no fundo no fundo, Deltan Dallagnol tinha razão em seu Power Point: todos os caminhos levam a Lula. Para o bem e para o mal. E, se me permitem opinar, talvez seja isso o que mais incomoda nesse Brasil que reproduz de forma tão fidedigna a obra “Casa Grande e Senzala”.
Todas as vezes que vejo qualquer pessoa tirando 15 minutos do seu tempo para opinar sobre o “metalúrgico do ABC”, redireciono - quase que automaticamente - todas as minhas funções cognitivas para tentar entender um pouco do “frisson” que esse sujeito causa em nós. Porque sim, se tem uma coisa que ele faz MUITO bem é incomodar. E quem provoca incômodo tem de lidar com reações das mais diversas, inclusive - e especialmente - as mais afrontosas.
Essa semana, assistindo uma entrevista do Fernando Haddad, ouvi um adjetivo ainda não pensado: o de “agregador”. Ele também tem razão. Toda uma nação só poderá contar sua história se nela contiver, em algum momento, a menção a essa ideia (boa ou má) que é o “Lula”.