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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Alteridade

Por Erica Silva Teixeira, de Salvador

Uma das coisas mais bonitas do aprendizado é quando você consegue enxergar ao seu redor de que forma determinado ensinamento pode transformá-lo numa pessoa melhor.

O conhecimento pelo simples conhecimento inutiliza o bem que podemos fazer ao próximo.

Eu jamais havia ouvido falar na palavra alteridade. Pela primeira vez, em 27 anos, descobri a sua existência me preparando para uma prova de mestrado.

Nessas últimas semanas, estudando a disciplina com uma grande professora e elaborando o trabalho acadêmico, vim entender um pouco do seu sentido, que poderia ser resumido em uma grosseira frase: precisamos enxergar o outro.

Se não exercitamos essa consciência, nosso próprio existir perde o sentido.

Esse enxergar envolve diversas perspectivas: a do respeito, a da responsabilidade afetiva, a da sinceridade, a de não julgar, a de ser leal, a de estar verdadeiramente preocupado com tudo o que aquele outro traz consigo, fora o que ele representa numa estrutura ocidental marcada pelo patriarcado (tô é metida com tanto estudo).

Hoje, em sala, debatendo uma das obras de Byington e o fantástico surgimento do arquétipo das alteridades como consequência da dualidade entre o matriarcal e patriarcal, lembrei-me bem da nossa mãe dos pobres.

Se por sorte, coincidência - dessas que eu adoro - ou forças universais, a proclamação de Irmã Dulce como santa (nordestina, baiana e mulher, coisas que me envaidecem um pouco, confesso) é só mais um belo exemplo de como o exercício de alteridade - somado ao amor pelo que se faz - possui uma força tão grande que se perpetua na história.

E nos lembra também, mais uma vez, o que Ocride* já dizia: “felicidade é como uma festa: ninguém a faz sozinho”.

Compartilhemos conhecimento: troca melhor não há.

* Ocride é Euclides José Teixeira Neto, advogado, político e escritor baiano, falecido em 2000.

Irmã Dulce, nossa primeira santa brasileira.

Comentários (clique para comentar)

Aléxia Brito - 15/10/2019 (13:10)

Bela reflexão!

Yuri - 15/10/2019 (10:10)

Sempre me ensinando algo novo! Muito bom.

Temóstecles Cardoso - 15/10/2019 (09:10)

Belo texto, não conhecia a palavra. Sempre bom saber novidades. T. Cardoso.