Foto do Hermógenes

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Eva

Li "A história perdida de Eva Braun", de Angela Lambert, 2007 Editora Globo.

Calhamaço de 600 páginas, mas, curiosamente apesar do pouco, pouquíssimo brilho da criatura biografada, leitura cativante. A autora, inglesa de mãe alemã, nascida em 1940 e por anos repórter de televisão, faz corolário interessante entre a vida da infeliz e pouco interessada Sra. Hitler e sua mãe, Frau Lambert.

Pelo que decorre na narrativa, também com vida sem maiores brilhos, quase apática, alemã internada por matrimônio na pudica Inglaterra, em tempos de guerra; ela a inimiga, se assim pode ser chamada a coitada. A filha escritora, com algum talento conta a história de ambas, mas o personagem central, não involuntariamente, é o maior assassino da história seguido de Stalin e Truman, o companheiro e nos últimos poucos dias marido, Adolf Hitler.

O fim do troço todos conhecemos: o perverso e sombrio ditador mata a si acompanhado da sua Tschapperl, apelido dado, isso no bunker berlinense em final de abril; 1945. Ponto final da maior chacina da história, com 50.000.000 de corpos espalhados pela Europa queimada, deixando as enegrecidas marcas até hoje, mesmo em nós nascidos após, em terras distantes.

A escritora especula e acredito romantiza certos aspectos, tentando, inclusive, passar ao leitor caracterização, digamos, de alguma inteligência do personagem biografado, a moçoila assistente de fotógrafo encantada com os olhos azuis de importante cliente, o desqualificado A. Hitler. Mas sem sucesso: Eva Braun era boba, infantil, com mil perdões.

Sua vida é de vazio gritante, guardada pelo estranho ditador como bibelô em Obersalzberg, o ninho das águias. Por lá, engaiolada, literalmente mata o tempo com fotografias simplórias a retratar a cúpula nazista, exercícios, um pouco de leitura, filmes e inquietante esperar pelo mais soturno personagem da História humana. Por falha no berço psíquico em seu lar de origem, elege o maluco como amante-pai, marido-tio. Bem estranho, em sendo ele colérico incontrolável, pouco interessado em questões relacionadas à suavidade do amor.

O que Angela Lambert expõe de maneira o leitor tirar conclusões interessantes, são aspectos do führer (em minúsculas mesmo, imagino não merecer esta palavra alemã, guia, em relação a ele seja escrita com as costumeiras maiúsculas para palavras substantivas) dos quais pouco se ouvia. Por exemplo, a descrição pelo Dr. Morell, o médico pessoal do monstro, Adolf sofrer de hipospádia, deformação genética decorrente de incesto, onde a uretra não tem a saída pelo pênis, mas pouco abaixo. E um testículo jamais achou o caminho até o saco escrotal. Devia ser de aspecto bizarro naquela região.

Decorrência da prática comum na região de onde provinha, casamentos entre primos. Ele mesmo sucumbindo ao curioso hábito, tendo como primeira companheira a sobrinha, filha de sua meia-irmã Frau Raubal, a suicida Geli. Suicida em termos, a se matar com tiro na carótida, método bastante estranho.

Teria sido morta? Talvez, dentro dos planos malucos de limpeza da raça; seu amante ordenou a matança de deformados de toda espécie, débeis mentais (sua irmã Paula Hitler era retardada) e tudo aquilo considerado impuro, por razões a jamais sabermos. Não teve filhos, imaginando talvez as deformidades herdadas serem transmissíveis.

Quanto ao holocausto e as razões, a autora é determinada e diz A. Hitler não teria ligações com judeus por parentesco, nem obscuro, a odiá-los por afastá-lo quem sabe até não nascido. Seria doutrina aprendida, o anti-semitismo radical. Mas diante dos outros atos eugenicos, pode estar errada. O biógrafo Werner Maser tinha determinada informação sobre os tempos nos quais a mãe do ditador trabalhara em residência de família judia, lá por Viena. A voltar grávida, expulsa do emprego por envolvimento com alguém da casa. Não saberemos.

Livro interessante, a conhecer um pouco da amante de Hitler. E mais um tanto dele.

Somos assim, curiosos.

Um livro interessante.

Muitos anos mais velho, a preferência pelo jovenzinha seria paternal ou perversa?

Sempre à disposição do assassino nr. 1 da História.

Rara foto a cores e mais raro o momento juntos. Hitler só permitia sua presença em pouquíssimas ocasiões. Normalmente era classificada como do coro de secretárias que o acompanhavam.

Comentários (clique para comentar)

Seja o primeiro a comentar este artigo.