Hermó

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro & Mello

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Artigo nº 42 - 18/11/2022

Posso ser franco?

De volta da curta temporada baiana (a vida mansa por lá, acreditem, deu espaço para uma paulistanice completa, com congestionamentos nas ruas, povo nervoso de fala rápida, acarajé já é vendido em “stands” de propaganda das cervejas por baianas sem charme e sem badulaques, em embalagem de isopor, à la americaine, aeroporto lotado, assaltos, um inferno.) leio sobre esquema das auto-escolas para simplificar a vida do cliente e contornar o terrorismo burocrático, agora apimentado com suas doses de informática.

Singelo dedo de silicone, copiado do original cliente, serve para dar a marca da presença no sistema de verificação digital. 50 anos para desenvolver o sistema no laboratório gringo burlado em minutos pela esperteza nativa. Curvo-me a isto, acho muito bom.

E posso ser franco? Endosso, plenamente. Sou desonesto a este ponto e também paguei, exatos 70 reais, para não ir às aulas nem fazer o exame, obrigatório para os motoristas mais antigos, a renovar-se a carta.

A organizadíssima máfia das auto-escolas e sua força junto às “otoridades” (esta turma anda bem desacreditada, graças aos céus) inventam o esquema e já o preparam para ser burlado, com plena conivência. Cobram dobrado, pelo curso e pela safadeza. Leio também o departamento de trânsito nem tem os meios de diferenciar as digitais, qualquer uma serve. Que bom, Big Brother não funciona, por mais IBM a enfiar-nos controles automatizados.

Alguns países parece simplificam, talvez forçados pelo lobby das montadoras ou turismo. Na Alemanha não há limite de velocidade nas auto-estradas e sua carta vale para sempre, sem renovação. Nos EUA fizeram disto negócio, imposto a mais, forçando em alguns estados a cada dois anos renovar-se a carta, com exames escritos; tudo pago é claro. Ficamos entre os dois, com renovação a cada cinco anos, o ridículo exame médico e as taxas oficiais e as não-oficiais para ir “quebrando o galho”. (Com suas tiradas divertidas, como funcionário colega o qual, motorista, com carta há 10 anos, em viagem ao Nordeste leva o filho de 11 anos, que sabe ler as placas...) Louve-se algumas instâncias onde tal não é necessário: a Marinha, através das capitanias renova as carta apenas a cada 10 anos e o exame médico é uma declaração de profissional, qualquer um, com cadastro médico válido, dizendo-o são e inteiro. É exceção.

Na outra ponta os gringos e sua FAA, (a agência de aviação deles) não dão validade aos brevês. O meu tem 27 anos e continua válido, basta refazer o exame médico se reativar o vôo. O daqui de tantos pontos exigem, desisti renovar. Exame médico aqui na Aeronáutica demorar quase um dia, lá é feito em 20 minutos.

Não é necessário dizer com mais aviões nos EUA e carros na Alemanha que aqui, apesar da simplicidade dos trâmites, há menos acidentes.

Apostamos na corrupção, como fonte de rendas, esta é a realidade. As vezes até de forma sutil, como as portarias e determinações de ministérios e secretarias, todas com uma taxa embutida. Para exportar agora é necessário o responsável pela empresa ter o E-CPF. Claro é simples de conseguir, quem faz até atende a domicílio. Por duzentos paus. Se 500.000 empresas brasileiras importam ou exportam, as certificadores particulares (aprenderam com as auto-escolas...) devem arrecadar algo como R$ 100.000.000 com esta canetada, conhecida por diretriz normativa ou outro nome idiota.

Mas pagamos, não protestamos, somos assim.

O dedo de silicone faz o mesmo serviço, he, he.

Comentários

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Hermógenes - 14/01/2008 (15:01)

Com certeza, aos tolos a revolta. (Quem disse isto?)... Somos assim, nós tolos.

Ricardo - 14/01/2008 (15:01)

Aos tolos a revolta. Serias um Lorca ou um Einstein.?

Hermógenes - 14/01/2008 (09:01)

Sempre. Afinal de revoltas fizeram-se as sociedades melhor preparadas. Talvez esteja na hora de por aqui procurarmos dar fim a burocracia como fonte de terror, renda oficial e oficiosa? Mas penso que andaríamos sós, pois lá fora a coisa piora. Uma amiga em trânsito de São Paulo à cidade do México, por Atlanta, aguardou 2 horas na fila da "imigração" americana. Perguntaram-lhe qual era a cor dos seus olhos (!), após fotografar e tomar-lhe as digitais (como se faz com os criminosos). Fiquei imaginando o doentio idiota burocrata que tal pergunta formula, a ponto de imaginar que o terrorista possa ter esquecido a cor das lentes que usaria para disfarçar os olhos. São terroristas, mas não são idiotas. Com certeza não usarão mais do "expediente aéreo" para novos atos. E aqui entre nós: os chefes árabes pelo visto já andaram "segurando" a turma. Só os americanos ainda não perceberam. Ou perceberam e alinharam terroristas e turistas, com os detestados imigrantes. Fora todos, com sucesso: 17% a menos de viajantes aos EUA desde 2001. Por aqui o terrorismo já é oficial, faz parte da política de governo, mormente o terror burocrático e policial, portanto nenhuma novidade.

Ricardo - 13/01/2008 (15:01)

Quanta revolta ... e proteção `a Navy.