Hermó

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro & Mello

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Artigo nº 33 - 18/11/2022

Doidos ao mar

O livro do Peter Nichols, “Uma viagem para loucos”, Editora Objetiva, 2002, para quem gosta de aventuras (e de malucos), é prato completo, pleno. Fascinante; infelizmente a tradução “náutica” ficou um tanto quanto truncada. Há erros de conversão nas milhas para quilômetros, e algumas explicações de rodapé mostram-se falhas.

Traduções menos especializadas acabam criando até o enfado no leitor, pois ficam confusas. Porém é boa leitura; sugeriria comprar e ler, se alguém ligasse para minhas recomendações...

Reclamos à parte, fiquei encantado com a leitura, pois normalmente os livros sobre mar, assim como o próprio, após certo fascínio inicial são um pouco monótonos. Com algumas exceções, e cito de cabeça a literatura de Joseph Conrad, James Mitchener, do insubstituível e melhor de todos Ernest Hemingway com seu o O Velho e o Mar e do repórter de excelente escrita Sebastian Junger (a Tempestada Perfeita, lembram?). As demais são bem tediosas, incluindo nosso Amyr Klink o qual, muito seguro em suas navegadas, não se expõe aos riscos. Esses que seriam, exagerando, o tempero da escrita.

Nichols descreve a primeira regata de volta ao mundo, promovida por jornal inglês, para navegadores solitários e com um detalhe: sem escalas permitidas ou receber suprimentos de qualquer natureza.

Imaginando que somente grandes navegadores arriscariam, o autor mostra na verdade ser apenas um bando de malucos e deprimidos, com barcos em estado calamitoso irem ao desafio, por 5.000 libras de prêmio e algum prestígio.

Em 1968, às vésperas do homem ir à Lua, esses doidos saíram para 290 dias no mar, como nos tempos de Magalhães. Endoidaram, menos o ganhador, depois “Sir” Robin Knox-Johnson.

Alguns com finalizações da regata que não adiantarei, pois tiraria o “flair” da reportagem toda.

Mas vale a pena ler, a remover o estigma de intrépidos e infalíveis aventureiros do mar, mostrando serem uns sujeitos, bem, bastante desajustados.

Até no mar, somos assim.

Bom livro, falho na tradução e ajuste dos termos técnicos náuticos.

Um dos trimarãs, abandonado durante a regata.

Donald Crowhurst, "pirou" por completo durante a travessia.

O único "normal", Robin Knox-Johnson venceu a regata, mas não houve um segundo lugar... Repetiu a volta ao mundo solitário algumas vezes. Fã de um bom uísque, deve ser a mágica que o mantém menos "despirocado".

Comentários

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hermo - 25/11/2007 (18:11)

Quem veleja como você não deveria se curvar diante destes camaradas. E aqui entre nós: são bem doidos...

- 23/11/2007 (15:11)

Quem quizer se aventurar ao mar, leitura obigatória. Eu que tenho algumas milhas de rugas nao chego nem nem perto em fazer algo parecido. Ainda mais sabendo como são construidas estas casquinhas...chamadas de veleiro de oceano. Por isso tiro o chapeu a eles, .....