Hermó

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro & Mello

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Artigo nº 1013 - 18/11/2022

Em tempos de pandemia...

Por Ricardo Serra, de São Paulo.

Aquele susto foi gigantesco, parado no sinal. O vidro aberto, solitário no automóvel, abordado.

O PM com voz estranha, detonou: - "Companheiro, sem máscara não!"

Em tom meio afeminado, o cara sobre uma bicicleta de pneus grossos.

Com rabo de cavalo.

Verificou com calma, enquanto a mão procurava a máscara no banco do passageiro.

Era moça, uma policial.

Os olhos lindos por cima de sua escura máscara. As pernas, ah, as pernas, torneadíssimas, coisa de ciclista.

A blusa do uniforme minimamente desfolgada, a mostrar bom tórax, com seus complementos.

- "Vai me multar, moça?"

Difícil verificar a reação da criatura, com a mão pousada sobre a pistola guardada, e a curva do joelho sobre o selim, arma em altura estranha. Não usam como os caubóis, coldre pendurado pela coxa. Fica acima, das ancas, da cintura.

E que cintura...

- "Na sua idade deveria ser mais cuidadoso com isso, ouviu?"

Hm, uma afirmação de amplo sentido. Bom, de qualquer forma ouviu? foi melhor que está ok?.

- "E se eu não usar?"

Os olhos da criatura fardada em sua estranha combinação de bermudas e tênis, nas cores da polícia, lembrando indianos, mostraram certo risco de sorriso, percebendo a provocação.

-"Nesse caso terei que prender!"

E o incauto respondeu: -"Nossa, eu adoraria ser preso pela senhora. Mesmo que fosse só um pouquinho."

Voltou a seriedade à agente da lei e dura ordenou: -"Coloque a máscara e siga, não estou aqui para brincar."

O velho foi para casa feliz.

Abordagem complicada pela policial de bicicleta...

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